O anseio por um lar vive em todos nós...
um lugar seguro onde possamos existir tal como somos sem sermos questionados.
Maya Angelou (Escritora Norte-Americana)
Mudar de casa é uma experiência pela qual a maioria das pessoas acaba por passar, mais cedo ou mais tarde nas suas vidas.
Enquanto crianças e adolescentes, navegamos na maré profissional e conjugal dos nossos pais. Nessa fase mudar de casa sinaliza uma alteração importante na estrutura familiar (casamentos, divórcios,...) e também, muitas vezes, na escola que se frequenta e nas amizades que se dissolvem para ver nascer afinidades mais favorecidas pela proximidade geográfica. Na adolescência, a nossa verdadeira casa é o nosso quarto, o refúgio que é mesmo só nosso e onde procuramos solitude para enfrentar as questões do crescimento que nos vão desassossegando a cada instante - ou privacidade para estar com os amigos longe de olhares inquisidores.
Quando nos tornamos adultos independentes, a mudança para a nossa casa é o primeiro passo no sentido de afirmarmos a nossa auto-suficiência para nós mesmos, para a nossa família, para a comunidade inteira. Não se trata apenas de conseguir pagar as contas, mas de ter autonomia suficiente para lidar com todas as responsabilidades inerentes. E, mais do que isso, é aceitar essas responsabilidades de bom grado, não como um fardo desconfortável (ai a roupa suja, que falta faz aqui a mamã...!) mas como um prémio orgulhosamente conquistado com esforço e maturidade.
E o que significa a nossa casa, o nosso lar? Algumas pessoas encontram aí muita da segurança material de que necessitam - uma casa de Terra.
Este é o fruto do meu trabalho, a fortaleza onde encontro o conforto, a estabilidade e a organização que me ajudam a lidar com as incertezas do mundo lá fora.
Outros vêem a sua casa como um ninho de emoções - uma casa de Água.
Este é o meu porto de abrigo, onde reúno as pessoas que amo e aprofundo os laços que nos unem, onde partilho os meus sentimentos e deixo que me inundem de emoções alheias.
Haverá quem encare a sua casa como um campo de liberdade mental - uma casa de Ar.
Este é o espaço onde sou livre de dizer o que penso, de deixar as minhas ideias fluir para o papel ou para os ouvidos daqueles que me entendem, de procurar respostas para aquilo que não sei e encontrar no que os outros me dizem uma fonte permanente de novas aprendizagens.
E há ainda quem veja na sua casa um centro de inspiração criativa - uma casa de Fogo.
Este é o aconchego que me aquece, que me anima, que me motiva para conquistar o mundo levando comigo aqueles que me inspiram e fazendo-os sentir-se tão especiais como de facto são.
Por isso, o processo psicológico e emocional de mudar de casa pode ter muitos significados diferentes, ser simples ou complicado, rápido ou demorado, libertador ou aterrador (ou um bocadinho de tudo!) Qualquer que seja a razão objectiva por que tomemos essa decisão (alterações financeiras, familiares, profissionais...), ajuda muito pensar no que constitui de facto a nossa casa, do que fugimos quando nela nos refugiamos e de que forma podemos expandir lentamente as suas fronteiras.
Para deixar entrar novas pessoas e experiências que nos enriqueçam, para aprendermos a sentir-nos mais confortáveis, mais amados, mais compreendidos e mais inspirados. Para que na nossa pequena casa haja lugar para o mundo inteiro.
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