“Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar. Tal é a Lei!”Allan Kardec (Professor Francês, 1804 - 1869)“A morte é a mudança completa de casa sem mudança essencial da pessoa.”
Chico Xavier (Médium Brasileiro, 1910 - 2002)
O Espiritismo é uma doutrina filosófica, não uma religião, que pretende estudar e reflectir sobre a relação entre os seres incorpóreos (Espíritos) e os seres humanos. O conceito de Deus – fonte suprema de todos os seres e de todas as coisas – não é encarado sob o ponto de vista religioso, mas antes como uma hipótese natural e até necessária para explicar a profunda ligação que existe entre todos os seres humanos. Assim, a concepção de Deus não é muito diferente da do actual paradigma da Cosmologia: o Big Bang é apontado como hipotética causa da expansão do Universo, mas o Big Bang, por si só, é o momento em que todas as leis físicas que conhecemos não existem. Por isso torna-se impossível para a ciência descrever completamente o Big Bang. Do mesmo modo, a doutrina espírita não pretende definir o que Deus é, mas apenas descreve alguns dos seus atributos tal como são observados na Natureza e na alma humana. O movimento Espírita procura enfatizar o estudo da sua própria doutrina nos seus 3 aspectos – científico, filosófico e moral – pelo que não é pedido aos seus seguidores que “acreditem” porque todos são livres de investigar e questionar os princípios do Espiritismo.
Princípios do Espiritismo
Alguns Conceitos do Espiritismo
Fluido Cósmico Universal é a matéria elementar primitiva, que pode ser transformada de modo a produzir tudo o que existe na Natureza. Pode assumir dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade (o seu estado original), ou o de materialização ou ponderabilidade (o mundo visível).
A Lei da Causa e Efeito determina que toda a acção da vida moral de uma pessoa tem uma correspondente reacção dirigida a essa mesma pessoa. Este conceito distancia-se do de “karma”, na medida em que não admite qualquer determinismo: o ser humano é responsável tanto pelas suas acções como pelos efeitos que elas têm, inclusive sobre si próprio, e por isso pode a qualquer momento alterar o rumo dos acontecimentos alterando a sua forma de agir.
De acordo com a Lei da Evolução, tudo o que existe no Universo está em permanente evolução. Essa evolução é simultaneamente individual e colectiva: “Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada na Natureza permanece estacionário.” (Allan Kardec, in O Livro dos Espíritos)
O Plano Espiritual é a realidade imaterial onde se encontram os espíritos desencarnados. Estes espíritos possuem formas de percepção que vão muito para além das dos seres vivos, e a sua permanência no Plano Espiritual (ou seja, sem reencarnarem) pode ter uma duração muito variável, mas nunca é eterna enquanto houver algo a aperfeiçoar. De acordo com os relatos de vários espíritos (psicografados por médiuns reconhecidos na comunidade espírita), o Plano Espiritual é muito mais vasto que o Plano Material, e os dois estão em permanente intercâmbio. Além disso, o Plano Espiritual organiza-se por “camadas” com frequências vibracionais diferentes: quanto mais elevada a frequência de vibração, mais evoluídos os espíritos que nela se encontram. O movimento Espírita defende que algumas provas da existência do Plano Espiritual provêm da Física Quântica: a existência de matéria escura (que se supõe ocupar a quase totalidade do Universo), e a falsa percepção da realidade material enquanto substância compacta, quando se sabe que na realidade existe muito mais espaço vazio do que ocupado (basta observar a estrutura do átomo).
A mediunidade é a capacidade de comunicação entre seres humanos e espíritos. Todas as pessoas possuem algum grau de mediunidade, mas algumas são especialmente dotadas e por isso designadas de médiuns. A comunicação pode ser verbal (psicofonia), escrita (psicografia) ou visual (vidência). Algumas religiões cristãs defendem que a Bíblia mostra os “espíritos” como demónios liderados por Satanás, cujo intuito ao comunicar com os seres humanos é o de os iludir. O movimento Espírita refuta essas acusações com dois argumentos: a Bíblia não condena a prática mediúnica em si, apenas o seu uso para finalidades fúteis ou em proveito próprio; e muitos dos textos transmitidos por espíritos a médiuns contêm ensinamentos em total acordo com as ideias de Jesus Cristo.
Práticas do Espiritismo
“Os Espíritos Amigos sempre mostram disposição de nos auxiliar, mas é preciso que, pelo menos, lhes ofereçamos uma base... Muitos ficam na expectativa do socorro do Alto, mas não querem nada com o esforço de renovação; querem que os espíritos se intrometam na sua vida e resolvam seus problemas... Ora, nem Jesus Cristo, quando veio à Terra, se propôs resolver o problema particular de alguém... Ele se limitou a nos ensinar o caminho, que necessitamos palmilhar por nós mesmos.”Chico Xavier
Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas
Federação Espírita Brasileira
Federação Espírita Portuguesa