sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

The Nuts and Bolts of Meditation - Parte IV

CÉREBROS E COMPUTADORES: Que Diferenças?

Vimos que existem algumas semelhanças entre o nosso cérebro e um computador. No entanto, existem quatro diferenças fundamentais entre eles:

1. O nosso cérebro regista tudo!

Enquanto estou a digitar, a memória RAM do computador só transfere a informação para o disco rígido ou para a memória de longo prazo quando eu assim o indicar. Tenho de iniciar o processo de “guardar esta informação”, ou perco tudo o que escrevi até agora!

O nosso cérebro ainda possui um registo do dia em que nascemos. Esse registo contém toda a informação sensorial desde o nascimento. Todas as visões, sons, sabores, toques e cheiros estão lá guardados com grande detalhe.

2. O nosso cérebro regista a informação holograficamente.

Quando pedimos ao computador para “guardar”, todo o trabalho que está temporariamente na memória RAM é transferido para uma localização específica no disco rígido. Se essa localização for danificada, a informação aí armazenada é perdida.

No nosso cérebro não existem “centros de memória” como o disco rígido do computador. O registo das informações é feito de forma holográfica, um conceito difícil de compreender, por isso comparemos um cérebro “vazio” a um jarro com água pura. Digamos que a nossa experiência de nascer é como uma pequena gota de corante azul que cai dentro do jarro com água, e que cada experiência sensorial seguinte é uma gota de outra cor diferente. Vamos assumir que temos um número ilimitado de cores disponíveis, pelo que cada cor representa uma experiência sensorial diferente. Em pouco tempo a experiência de nascer estará “submersa” sob todas as cores ou memórias que fomos acumulando desde esse momento. Podemos pensar que esquecemos essa experiência, mas ela ainda lá está.

Cada pedaço de informação que experimentamos está registado um pouco por todo o nosso cérebro (como cada corante que se vai dissolvendo na água)! Isso significa que não podemos corrigir ou apagar qualquer informação; na realidade, nem sequer podemos “gravar” por cima de um registo já existente. Todas as experiências, desde que nascemos, incluindo as emoções a elas associadas, são registadas pelo cérebro, e esse registo permanece para sempre.

3. O nosso cérebro processa mais do que um “programa” simultaneamente!

Enquanto que a memória RAM do computador consegue apenas processar um programa de cada vez, a memória de curto prazo do nosso cérebro pode processar cerca de 5 a 9 “programas” ou tarefas diferentes e mostrá-las no nosso “monitor” da consciência – todas ao mesmo tempo! Por isso, mesmo que eu esteja concentrada numa determinada tarefa, a minha memória de curto prazo consegue também processar o programa de rádio que ouço, o cheiro da comida quente na cozinha, o movimento físico e o sentido do tacto dos meus dedos enquanto digito no teclado: estes são apenas alguns dos “programas” que estão a decorrer, todos ao mesmo tempo.

4. O nosso cérebro filtra a informação automaticamente!

Existe uma grande quantidade de informação sensorial a chegar ao cérebro permanentemente. Por exemplo, toda a nossa pele está coberta de milhares de milhões de sensores de tacto, dor, calor, etc. Esses sensores não são do tipo on/off; são células vivas que enviam sinais constantemente. O nosso “monitor” da consciência, de memória de curto prazo, pode processar alguns programas ao mesmo tempo, mas não pode lidar conscientemente com toda a informação sensorial disponível.

Para nos concentrarmos naquilo que estamos a fazer em determinado momento, o nosso “filtro consciente” limita a informação que é transmitida à memória de curto prazo. Esse filtro reside na mente inconsciente, e responde à nossa atenção. Ele “diminui o volume” da informação sensorial, para que não nos perturbe. Eis uma forma simples de o demonstrar:

Reconheça que está atento ao que está a ler neste momento. À medida que vai lendo, desvie o seu “monitor da consciência” – a sua atenção – ligeiramente para o peso do seu corpo na cadeira, a sensação dos pés a tocar no chão, os sons que estão à sua volta, as imagens que consegue captar na sua visão periférica e, finalmente, o sabor na sua boca e o cheiro do ar que o envolve.

Estes são inputs sensoriais que o nosso cérebro processa continuamente. O “filtro consciente” reduz o “volume” dos inputs que não requerem a nossa atenção imediata, mas não os ignora por completo.

No exemplo descrito atrás, o leitor tornou-se consciente de certos inputs, e pode ser capaz de recordar o que sentiu durante esse processo, mas é importante lembrar que o nosso cérebro regista tudo o que se passa, a todo o instante. E faz mais do que filtrar a informação de que não necessita nas actividades quotidianas. Com o tempo, o nosso cérebro cria um “programa” que consegue modela a forma como compreendemos a informação que consegue passar para o nosso “monitor consciente”…

Adaptado de: The Nuts and Bolts of Meditation

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