quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Tarot - XI. A Justiça

O melhor e mais seguro é manter o equilíbrio na vossa vida, reconhecendo que existem grandes poderes à nossa volta e dentro de nós. Se conseguirdes fazer isso, viver dessa forma, sois realmente um homem sábio.

Euripedes (Escritor Grego, 480 - 406 a.C)

Ordem não é a pressão imposta pela sociedade ao indivíduo, mas o equilíbrio que ele consegue estabelecer dentro de si mesmo.

Jose Ortega y Gasset (Filósofo Espanhol, 1883 - 1955)


Símbolos Básicos

Uma figura humana segura a balança numa das mãos (normalmente a esquerda), e a espada erguida na outra. Em alguns baralhos surge de pé, noutros sentada numa espécie de trono, muitas vezes com os olhos vendados.

A Viagem do Louco

O Louco procura um novo caminho, uma nova aspiração e inspiração para a sua vida. Sentado numa encruzilhada sem saber que caminho tomar, repara numa sábia senhora cega que escuta a discussão de dois irmãos sobre uma herança. Eles procuraram-na para que julgasse o seu caso. Um dos irmãos recebeu toda a herança, ou outro ficou sem nada. “ Peço que tudo me seja restituído”, exige o irmão pobre, “não só porque tenho mais direitos, mas também porque não serei perdulário como o meu irmão!”. Mas o irmão rico protesta: “É meu por direito e é isso que interessa, não como vou gastá-lo!” A mulher ouve atentamente, e no final atribui metade da herança do irmão rico ao irmão pobre. O Louco pensa que foi a decisão mais justa, mas nenhum dos irmãos está satisfeita: o rico detesta ter de perder metade da sua riqueza, e o pobre acha que devia ter ficado com tudo.

“Foste justa” diz o Louco à mulher, após a partida dos irmãos. “Sim, fui” responde ela, com simplicidade. “Com apenas metade da herança, o irmão rico deixará de ser tão perdulário. E o pobre terá tudo aquilo de que precisa. Embora não o possam ver agora, esta decisão foi a melhor para ambos.”

O Louco reflecte um pouco naquilo que ouviu, e começa a vislumbrar um novo rumo para a sua vida. Percebe que até agora só se preocupou em conquistar bens materiais para satisfazer ambições mundanas, deixando definhar o seu lado espiritual porque não estava disposto a fazer os sacrifícios necessários para o alimentar. Agora, ele sabe que tem de percorrer o único caminho que ainda não percorreu de modo a restaurar o seu equilíbrio interior. Agradecendo à mulher, afasta-se com um novo propósito: é tempo de restabelecer a igualdade na sua balança interior.

Notas interpretativas

A carta da Justiça é regida pelo signo de Balança, e fala do equilíbrio frio e racional. É ela que diz ao Querente que não pode continuar a fumar ou a beber sem que isso tenha consequências na sua saúde (p.ex.). A Justiça aconselha a cortar com o desperdício, insiste para que o Querente faça tudo o que for necessário para restaurar o equilíbrio físico, emocional, social, espiritual. Num sentido mais prático, esta carta sinaliza um processo legal, documentos, ajustes numa parceria ou casamento. O resultado de tudo isto pode não ser aquele que o Querente deseja, mas será sem dúvida o mais justo. Além disso, apela à honestidade, à responsabilidade, à decisão ponderada e à aceitação das consequências dos próprios actos.

Enquanto 11º Arcano Maior, a Justiça marca a transição do mundo físico (primeiros 10 Arcanos Maiores) para o mundo metafísico (próximos 10 Arcanos Maiores). É como se ambos os mundos se equilibrassem na sua balança, e a sábia mulher nos dissesse que temos andado a passar muito tempo num deles, que está na altura de nos dedicarmos ao outro. É importante reter que a carta da Justiça não trata de castigo, do que é bom ou mau, certo ou errado. Tratam-se apenas de ajustes. A espada sugere que isso nem sempre será agradável, mas é preciso fazer o que for necessário (mesmo que seja difícil, penoso) para (re)conquistar o equilíbrio.



1 comentário:

  1. vim ca parar "por acaso". so nao sei o porquê da contagem decrescente. todos teremos um "fim do mundo", pelo menos daquele tal qual conhecemos nesta vida presente.

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