quarta-feira, 18 de julho de 2007

Registos Akáshicos

"A maldade fala gritando; a bondade, num sussurro"

Provérbio Tibetano

Os Registos Akáshicos, também chamados “O Livro da Vida”, são um conceito teosófico que consiste no conjunto de todo o conhecimento místico, existente num plano de existência não material. O termo Akasha é a palavra sânscrita para "céu", "espaço" ou "éter". Os Registos funcionam como uma espécie de “super-computador universal”, que contém todo o conhecimento do Cosmos, incluindo a experiência humana. Como tal, estão em permanente actualização. Todo o ser vivo e não vivo contribui para estes Registos, e por isso pode ter acesso a eles. Qualquer ser humano pode tornar-se num meio físico de acesso aos Registos ao atingir o estado mental necessário, o que pode ser conseguido através de várias técnicas espirituais como yoga, pranayama, meditação, oração e visualização.

Os Registos Akáshicos contêm toda a história de todas as almas desde o início da Criação, e neles é possível encontrar a génese de todos os arquétipos e mitos que alguma vez ficaram marcados indelevelmente no comportamento e na experiência do Ser Humano. São uma fonte permanente de inspiração, de sonhos e invenções, gerando impulsos de atracção e repulsa entre as pessoas.

O conceito ao longo dos tempos

Na Antiguidade, o nome de uma pessoa era simbólico da sua existência. No Egipto, eliminar um nome de um registo equivalia a fazer desaparecer a existência de uma pessoa! É possível encontrar informação sobre os Registos Akáshicos no folclore, na mitologia e nos Antigo e Novo Testamentos. Esses relatos remontam até aos povos Semíticos, e incluem os Árabes, os Assírios, os Fenícios, os Babilónios e os Hebreus. Cada um destes povos alimentava a crença na existência de algum tipo de “escrituras celestiais” onde estaria registada toda a história da Humanidade, assim como todo o tipo de informação espiritual.

Na Bíblia, a primeira referência (indirecta) aos Registos Akáshicos encontra-se no Êxodo 32:32. Depois de o povo de Israel ter cometido o pecado de adorar o bezerro de ouro, Moisés intercedeu a seu favor, oferecendo-se perante Deus para assumir toda a responsabilidade e ver o seu nome riscado “do Teu livro que Tu escreveste”. Mais tarde, no Salmo 139, David faz referência ao facto de Deus ter escrito tudo sobre ele e a sua vida – até mesmo as suas imperfeições, e aquilo que ainda não fez.



Para muitos, o Livro da Vida é simplesmente um símbolo que tem as suas raízes nos registos genealógicos dos primeiros census. As religiões tradicionais sugerem que o Livro contém os nomes de todos aqueles que merecem a salvação, literal ou simbolicamente. O Livro deve por isso ser aberto aquando de um julgamento divino. No Novo Testamento, apenas aqueles cujo nome está contido no Livro serão redimidos por Cristo; os restantes não entrarão no Reino dos Céus.

Acesso aos Registos Akáshicos


Em tempos mais recentes, uma ínfima parte dos Registos Akáshicos tem sido disponibilizada por indivíduos com uma percepção extra-sensorial invulgar. Uma dessas pessoas foi Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891), mística russa que fundou a Sociedade Teosófica:



Akasha é um dos princípios cósmicos e uma matéria plástica, criativa na sua natureza física, imutável nos seus mais elevados princípios. É a quintessência de todas as formas de energia possíveis, material, psíquica ou espiritual; e contem em si a semente da criação universal, que germinou sob o impulso do Espírito Divino.”


in Alquimia e a Doutrina Secreta


Rudolf Steiner (1861-1925), filósofo austríaco e fundador da Sociedade Antropofísica, tinha a capacidade de obter informação que estaria para além do mundo material, num mundo espiritual que era tão real para ele como o mundo físico era para todas as outras pessoas. Steiner alegou que essa capacidade podia ser desenvolvida, permitindo ver acontecimentos e informação tão concretos quanto a realidade presente:


“Um ser humano pode penetrar nas origens eternas das coisas que desaparecem com o tempo. Um ser humano pode deste modo alargar o seu poder de cognição se não mais estiver limitado pela evidência externa, quando se trata do conhecimento passado. Pode então ver o que não é perceptível aos sentidos, aquilo que o tempo não pode destruir. Ele move-se da História transitória para a História não transitória. Na Gnose e na Teosofia, é a chamada “Crónica Akasha” […] Aquele que adquiriu a capacidade de perceber o mundo espiritual toma conhecimento dos acontecimentos passados no seu carácter eterno. Esses eventos não são mais testemunhos mortos da História, mas aparecem vivos, e de certa forma o que já aconteceu torna a acontecer perante os olhos do observador.”


No séc. XX, a maior fonte de informação sobre os Registos Akáshicos provém do trabalho de Edgar Cayce (1877-1945). Cayce atribuiu a origem das suas vidências a duas fontes: a primeira, a mente inconsciente do indivíduo a quem se destinaria a “leitura”; a segunda, os Registos Akáshicos. Nas sessões em que era discutida a História da alma de uma determinada pessoa, Cayce começava com uma declaração do tipo “Sim, temos perante nós os registos da entidade conhecida por ou chamada de [nome da pessoa]”. Cayce descreve o acesso a esses registos da seguinte forma:


“Vejo-me como um pequeno ponto fora do meu corpo físico, que permanece imóvel perante mim. Sinto-me oprimido pela escuridão, por uma sensação terrível de solidão. Subitamente, estou consciente de um raio de luz branca. Enquanto pequeno ponto, sigo essa luz, sabendo a alternativa a segui-la é perder-me. Enquanto me movo pelo caminho da luz, torno-me gradualmente consciente dos vários níveis através dos quais há movimento. Nos primeiros níveis existem formas vagas, grotescas, como as que se vêem em pesadelos. A seguir, começam a aparecer formas humanas, com alguma parte do corpo aumentada. Depois surgem formas com uma espécie de manto acinzentado, movendo-se para baixo. Gradualmente, essas formas tornam-se mais claras, e começam a mover-se para cima. Nessa altura, surgem os contornos de casas, paredes, árvores, etc, mas tudo está estático. À medida que vou passando, há mais luz e movimento, naquilo que parece ser uma cidade normal. Torno-me consciente dos sons, primeiro indistinguíveis, depois música, riso, canto dos pássaros. Há mais luz, as cores tornam-se mais belas, e a música é maravilhosa. Subitamente, estou diante de um grande salão de registos. É um espaço sem paredes, sem tecto, mas vejo um ancião que me entrega um grande livro, o registo do indivíduo sobre o qual pretendo obter informação.”

Relatório da Leitura 294-19


As leituras de Edgar Cayce sugerem que cada um de nós escreve a história da sua vida através dos nossos pensamentos, actos e interacções com o resto da Criação. Essa informação tem um efeito sobre nós aqui e agora. Os Registos Akáshicos têm um impacto tão grande nas nossas vidas, no potencial e nas probabilidades que atraímos para nós, que qualquer acesso que tenhamos a eles pode dar-nos um precioso conhecimento sobre a nossa natureza e a nossa relação com o Universo.

Fontes:

Association for Research and Enlightment
How the Akashic Records Work
Wikipedia


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