sexta-feira, 24 de maio de 2013

Os Elementos: Terra que dá Frutos

Tudo tem o seu tempo determinado,
e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;


A vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma,
porque todos são vaidade.
Todos vão para um lugar;
todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó.
Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção;
pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele? 
Eclesiastes 3:1-22 (excertos)

Somos muitas vezes bombardeados com o "cliché" de estarmos todos cada vez mais materialistas. É o dinheiro que move o mundo... ou talvez a mais recente versão do iPhone, sei lá. Comprar, gastar, ter, parecem verbos prioritários para muita gente, enquanto outros pretensos "iluminados" negam qualquer ambição terrena e se entregam a promessas vãs de como-ser-espiritual-em-10-passos.

O elemento Terra é talvez aquele que mais se encontra polarizado nos tempos actuais. É o ter tudo o que dá conforto e status, ou não ter nada desses vícios que corrompem pela ganância e pela avareza. É saturar o organismo com "paletes" de calorias, ou matá-lo lentamente através de distúrbios alimentares (que os há para todos os gostos). 

São os cientistas que nos impingem uma visão mecanicista da realidade em que o ser humano é rei e senhor de todo o planeta (veja-se o fundamentalismo por detrás do Aquecimento Global, como se por modelos e teorias nos tornássemos micro-deuses de ventos e monções). São os fanáticos que proibem o ensino da Teoria da Evolução pois a Bíblia é para ser entendida li-te-ral-men-te (dai-lhes alguma imaginaçãozita, Senhor...!)

A maioria das manifestações de Terra reveste-se de uma profunda aversão à mudança. Terra pressupõe estabilidade, e ninguém quer assistir ao próprio envelhecimento, encarar a sua mortalidade ou a daqueles que ama. Queremos o nosso dinheiro seguro no banco, o tecto de nossa casa protegendo as nossas cabeças dia após dia. Queremos ordem, organização, saber com o que contamos amanhã e daqui a um ano. E nada há de errado com isso: só lutando por construir algo sólido podemos aspirar a deixar marcas permanentes no mundo. De que serve ter ideias brilhantes se não as concretizamos em algo palpável...?

Nesta dualidade reside a essência do elemento Terra, e a razão pela qual continuamos a debater-nos para encontrar o equilíbrio no plano material. Ter tudo porque só assim estamos seguros, ou não ter nada porque na realidade nada nos protege do que está para vir?

Não é fácil encontrar um meio termo. Gosto de imaginar que todo o mundo material é como um pomar. Há que saber semear no tempo certo, colher no tempo certo. Ultrapassar períodos de seca e períodos de cheia com paciência e determinação. Conhecer profundamente aquilo que se planta, respeitar a essência da semente (a de maçã nunca vai gerar um limoeiro!) Prever atempadamente as etapas de florescimento, polinização, maturação do fruto, adequando o adubo e a rega às necessidades de cada etapa. Acima de tudo, há que respeitar a sabedoria infinita da Natureza. E saber esperar.

É isto que fazem os empresários bem sucedidos, não? Em vez de frutos, colhem dinheiro, sucesso profissional e material. Para tal usam do mesmo sentido de responsabilidade para com os seus deveres, da mesma dedicação aos seus projectos, da mesma sensatez na gestão de imprevistos e contratempos. Menos poético falar de dinheiro do que de frutos? Talvez, mas na realidade é tudo o mesmo: dádivas de Terra, da Terra, pequenos pacotes de energia em formato matéria

Não é o dinheiro em si que nos torna materialistas. É o não entendermos que o dinheiro não é em si mesmo um objectivo final, mas apenas um instrumento através do qual honramos a Terra que há em nós e aplicamos os nossos melhores talentos e saberes para construir algo que dure. Que seja útil para as outras pessoas. Que valha o nosso maior e melhor esforço.

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