terça-feira, 30 de outubro de 2007

Samhain - A Noite dos Mortos

The night is coming the veil is thin
Hear their voices within the winds.

Light the fires and chant out loud,
Feel them walk within the crowd.

The summer is gone
and winter draws near
The veil will open,
welcome them without fear.

Our loved ones past will soon be among our place,
See the veil thinning and you will see their face.

Embrace the night and let your magic be known,
The truth that is here will soon be shown.

Enjoy this time celebrate the worlds within your rites,
The veil is once again thinning, it is again Samhain Night


Samhain Night, de Starrfire Price


Ao pôr-do-Sol do dia 31 de Outubro tem início o Samhain (em inglês pronuncia-se SOW-in, SAH-vin ou SAM-hayne, e significa “Fim do Verão”) uma celebração muito especial da 3ª e última colheita agrícola. A metade do ano dominada pelo Inverno e o Ano Novo celta começam neste Sabbat. Muitas culturas em todo o mundo comemoram o seu Dia dos Mortos nesta data, mas o Samhain da tradição pagã teve origem nos celtas que em tempos habitaram as Ilhas Britânicas. A cultura norte-americana conhece-o por “Halloween”, a Noite das Bruxas, mas é muito mais do que isso: é um momento mágico em que as leis do tempo e de espaço são temporariamente suspensas, e é levantado o véu que separa os mundos.

Na Europa pré-cristã, esta altura do ano marcava o início dos meses de frio e de pouca fartura. Os rebanhos eram recolhidos a abrigos de Inverno, mas alguns animais eram abatidos para que a sua carne servisse de alimento até à Primavera seguinte. Além da sua importância agrícola, os Celtas encaravam o Samhain como um momento muito espiritual: a meio do período que separa o Equinócio de Outono do Solstício de Inverno, os povos antigos atribuíam-lhe grandes poderes de magia e comunhão com os espíritos. O “véu entre os mundos” dos vivos e dos mortos estava, nesta altura, tão fino quanto possível, pelo que era o momento oportuno para convidar os mortos a regressarem para junto dos seus entes queridos ainda vivos. A reunião era comemorada com uma mesa farta, onde sobravam cadeiras para os “convidados invisíveis”, e executavam-se rituais para apaziguar os espíritos e comunicar com o outro mundo. Outras práticas que encontravam no Samhain um momento propício eram a divinação e os pedidos de desejos para o ano novo.



São inúmeras as tradições associadas ao Samhain, e que ainda hoje se praticam:

- Oferecer de comida em altares ou degraus, para alimentar os mortos que nessa noite vagueiem entre nós

- Acender velas às janelas, para ajudar a guiar até casa os espíritos dos antepassados.

- Acender fogueiras que vão conter a energia do Deus morto, iluminar a escuridão da noite, afastar o mal, receber a luz do Ano Novo e purificar o espaço ritual ou o lar.

- Enterrar maçãs à beira das estradas para dar algum conforto aos espíritos que se perderam ou que não têm descendentes que olhem por eles.

- Esvaziar e esculpir abóboras, dando-lhes uma cara alegre de espíritos protectores para que velem pelos vivos nesta noite de magia e caos.

- Não viajar nesta noite; vestir de branco, com disfarces ou roupas do sexo oposto, para enganar os pequenos espíritos que andam à solta a pregar partidas.


Entre a comunidade neo-pagã, o Samhain assume uma grande importância, embora as actividades desenvolvidas nesta noite sejam bastante diversas. Muitos utilizam o tarot ou as runas, outros realizam rituais de homenagem aos mortos e convidam-nos para partilhar da sua refeição onde não faltam as maçãs, o milho, os pratos de carne, as sobremesas com abóbora, a sidra. Há ainda lugar para a meditação, a visualização e a projecção astral.

Em 2007, o Samhain lunar ocorre em 9 de Novembro, com a presença da Lua Nova em Escorpião. Esta é a Lua Negra, que traz consigo um enorme potencial de transformação, de morte e renascimento, de contacto com as emoções do inconsciente e com tudo o que está para além da realidade palpável. É em Escorpião que o Deus-Sol morre, simbolicamente, para voltar a nascer do ventre da Deusa-Mãe no Solstício de Inverno (Yule). Este ciclo perpétuo é essencial à regeneração da terra após as colheitas, e do ser humano, que tem aqui uma boa oportunidade de meditar sobre si mesmo, transformando o velho ego (o Sol que "morre") num novo ego que incorpora já as experiências vividas no último ano e abandona velhos paradigmas que já não são úteis à evolução da alma.


Este é o tempo de reflectir sobre a sua própria mortalidade. Aproveite!


Fontes: The Celtic Connection, The Witches Way, Witchvox

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Sugestão de Leitura

Descobri recentemente um e-book muito interessante sobre meditação. O autor faz questão de disponibilizá-lo gratuitamente, e procura transmitir uma explicação simples mas completa do que é a meditação, para que serve, como praticar, etc , sem conotações místicas ou religiosas. Afinal, esta é sem dúvida uma prática ao alcance de qualquer pessoa, independentemente das suas crenças, e que pode trazer grandes benefícios para mente, corpo e alma.


Infelizmente para alguns, o ficheiro encontra-se em inglês. Se houver interesse, posso dividi-lo e publicá-lo em posts, em Português.




Namaste, e boa leitura!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Signos do Zodíaco - V. Leão

“Fazer tudo aquilo de que se é capaz, é ser um homem. Fazer tudo aquilo que se gostaria de fazer, é ser um deus.”
“Vivo para a posteridade… a morte é insignificante. Mas viver derrotado e sem glória é morrer diariamente.”

Napoleão Bonaparte (nativo de Leão)

Sistema Tropical: 23 de Julho – 22 de Agosto
Sistema Sideral: 16 de Agosto – 15 de Setembro
Sistema Solar: 10 de Agosto – 15 de Setembro
Constelação: Leo
Elemento: Fogo
Qualidade: Fixo
Partes do Corpo: Coração, Plexo Solar
Regência Primária: Sol
Regência Base: -
Exaltação: -
Exílio: Urano/Saturno
Queda: Neptuno
Pedra preciosa: Rubi
Metal: Ouro
Cores: Laranja, dourado
Números: 2, 7, 8, 9
Dia:Domingo

Simbologia

Os leões parecem ter estado sempre ligados ao imaginário da Humanidade de uma forma mágica. No Antigo Egipto venerava-se Sekmet, a Deusa Leoa comandante das chamas que devoram os inimigos de Ra. Ela era temida pelo seu poder destrutivo, mas estava também associada à cura e à força de vontade. Na mitologia hindu, a deusa Durga monta num leão, símbolo do seu despertar para a virtude e para a pureza. No vocabulário hebreu existem sete palavras para denominar o leão, uma das quais pode ser traduzida como “A Luz de Deus”. Aliás, tanto a Tora como a Bíblia contêm inúmeras referências a leões (que só desapareceriam definitivamente do Médio Oriente no séc. XII d.C.). Uma das mais famosas é atribuída ao profeta Isaías, que prevê a vinda do Leão de Judá, o Messias.


Mitologia Grega


O primeiro dos 12 trabalhos de Hércules consistia em trazer ao Rei Euristeus a pele de um leão invencível que deambulava em Argolis, aterrorizando os montes à volta de Nemeia. Vários são os mitos em torno da origem deste leão. Alguns afirma que era filho de um monstro de 100 cabeças – o Tífon – e de uma jovem meia-serpente chamada Equinda. Outras lendas contam que o Leão de Nemeia caiu da Lua para a Terra, e nasceu da relação entre Zeus e Selena (Deusa da Lua). Selena terá libertado o Leão propositadamente, porque a população de Nemeia não lhe quis prestar vassalagem. Há ainda outras fontes que asseguram que o Leão de Nemeia era irmão da esfinge de Tebas.

Hércules deu início à empreitada viajando para Cleona, onde se hospedou na casa de um pobre trabalhado chamado Molorcus. Quando este se ofereceu para sacrificar um animal em prol do sucesso da caça ao Leão, Hércules pediu-lhe que esperasse 30 dias. Se ao fim desse tempo o herói regressasse com a pele do Leão, só então seria feito um sacrifício a Zeus. Se Hércules não cumprisse a sua missão, então Molorcus deveria fazer o sacrifício mas em honra do herói falecido.

Ao chegar a Nemeia, Hércules procurou o terrível Leão, mas cedo descobriu que as flechas eram inúteis contra o animal. Munindo-se de um bastão, Hércules seguiu o Leão até uma caverna com duas entradas. Bloqueou uma e entrou pela outra, e quando finalmente encurralou o Leão, conseguiu agarrá-lo e sufocá-lo até à morte. Algumas versões da lenda contam ainda que Hércules tentou tirar a pele ao Leão, mas não era possível cortá-la ou rasgá-la. Só as próprias garras do Leão se mostraram suficientemente cortantes para o fazer. A partir de então, Hércules passou a utilizar a pele do Leão de Nemeia como armadura protectora, e como sinal de que havia adoptado simbolicamente a bravura do Leão de Nemeia para completar os trabalhos que ainda tinha pela frente. Mais tarde, diz-se que Zeus colocou o Leão de Nemeia nos céus para lembrar a coragem do animal. E o Leão lá permanece, dormindo a maior parte do tempo, e passando a imagem de que, apesar dos enormes dentes e da fama de ferocidade, é na verdade um animal amigável, afectuoso, e um excelente protector da sua prole.


Significado Astrológico

A entrada do Sol no signo de Leão marca o auge do ciclo Primavera-Verão, época de prosperidade e bem-estar em que o trigo se acumula nas eiras. Leão é isso mesmo: generosidade, magnificência (regência do Sol), e por isso mesmo, exclusão do cálculo e da cautela (exílio de Saturno). O Eu viril, que em Carneiro se dava a ares marcianos e procurava afirmar-se agressivamente, atinge em Leão toda a sua plenitude: é absolutamente seguro de si próprio e afirma-se pelas demonstrações de orgulho e de superioridade, adora as entradas triunfais e melodramáticas, e não se coíbe em gastar o que tem (e o que não tem) por um artigo luxuoso que o vai fazer brilhar ainda mais. A confiança nos próprios meios confere-lhe uma grande resistência à mudança (queda de Neptuno). Não há espaço para a prudência, para as subtilezas técnicas e diplomáticas (queda de Urano), e muito menos para o pessimismo: o Sol exige uma constante demonstração de magnificência, de menosprezo pelos detalhes… enfim, a atitude de um verdadeiro rei. Claro está que, como um verdadeiro Rei-Sol, Leão está sujeito a certas debilidades de carácter (embora jamais as vá assumir!): subestima os seus adversários, tende a ser autoritário, não tem grande sentido de oportunidade, é-lhe difícil adaptar às circunstâncias e acaba por ser demasiado vulnerável aos elogios dos outros, deixando-se convencer por quem quer que o saiba levar pela lisonja. Em compensação, é um optimista inabalável e o mais caloroso dos signos, manifestando os seus afectos sem medida nem reservas.

O seu lema? Sol, jamais a sombra.

Como se define? EU QUERO!


Fontes:
Introdução à Astrologia,
de Lisa Morpurgo (Ed. Pergaminho)
Manual de Interpretação Astrológica, de Stephen Arroyo (Pub. Europa-América)
Penumbra, Wikipedia

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Princípios da Crença Wicca

O Conselho de Bruxas Americanas foi constituído em Abril de 1974 (e dissolvido no mesmo ano), numa altura em que a ausência de uma organização Wicca a nível nacional e internacional dava azo a equívocos, favorecendo a construção de imagens distorcidas d’ “A Arte” (como também é designada esta religião) perante a opinião pública. O objectivo principal do Conselho era “separar o trigo do joio”, mostrando para o interior do movimento wicca e, sobretudo, para o exterior, quais os princípios comuns a todos os Wiccans, demarcando-se categoricamente do Satanismo e de outras seitas derivadas e devolvendo ao termo “Bruxo(a)” o seu significado original. O texto produzido veio clarificar muita da confusão surgida até então e permanece, hoje, uma referência incontornável na forma wicca de encarar a religião e a vida.
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Princípios da Crença Wicca

Introdução

O Conselho dos/as Bruxos/as Americanas considera essencial definir a Bruxaria moderna [Wicca] em termos da experiência e necessidade americanas.
Não estamos limitados/as pelas tradições de outros tempos e de outras culturas, e não devemos fidelidade a nenhuma pessoa ou poder maior do que a Divindade que se manifesta através do nosso ser. Como Bruxos/as Americanas, acolhemos e respeitamos todos os ensinamentos e tradições afirmativos da vida, e procuramos aprender e partilhar os nossos conhecimentos dentro do nosso Conselho. É neste espírito de receptividade e cooperação que adoptamos estes princípios da crença Wicca.Tentando ser inclusivos, não pretendemos abrir-nos à destruição do nosso grupo por aqueles que só querem o poder para si próprios, ou pelas filosofias e práticas contraditórias aos nossos princípios. Tentando excluir todos aqueles cujas atitudes sejam contrárias às nossas, não queremos negar a participação a ninguém que não esteja sinceramente interessado no nosso conhecimento e crenças, qualquer que seja a sua raça, cor, género, idade, origem nacional e cultural, ou preferência sexual.

1. Praticamos rituais para nos sintonizarmos com o ritmo natural das forças da vida, marcado pelas fases da Lua e pelas estações e meias-estações do ano.

2. Reconhecemos que a nossa inteligência nos dá uma responsabilidade única em relação ao meio ambiente. Procuramos viver em harmonia com a Natureza, em equilíbrio ecológico, oferecendo auto-realização e consciência dentro de um conceito evolucionário.

3. Reconhecemos a existência de um poder muito superior ao que é aparente à pessoa comum. Por estar muito para além do que é vulgar, é por vezes designado de “sobrenatural”, mas vêmo-lo como estando no centro do que consideramos ser o potencial natural de todos nós.

4. Vemos o Poder Criativo do Universo manifestando-se através da polaridade, como Masculino e Feminino, e que este Poder Criativo existe em todas as pessoas, funcionando através da interacção masculino-feminino. Não valorizamos um mais do que o outro, sabendo que um sustenta o outro. Valorizamos o sexo como prazer, como símbolo e incarnação da vida, e como uma das fontes de energia utilizadas na prática mágica e na adoração religiosa.

5. Reconhecemos a existência de mundos exteriores e interiores, ou psicológicos, também conhecidos como Mundo Espiritual, Inconsciente Colectivo, Planos Interiores, etc – e vemos na interacção e entre estas duas dimensões a base dos fenómenos paranormais e dos exercícios mágicos. Não negligenciamos uma dimensão em prol da outra, porque ambas são necessárias à nossa auto-realização.

6. Não reconhecemos nenhuma hierarquia autoritária, mas honramos aqueles que ensinam, respeitamos aqueles que partilham o seu conhecimento superior e a sua sabedoria, e apreciamos aqueles que se entregam corajosamente a actividades de liderança.

7. Vemos religião, magia e sabedoria na vida como estando unidas, da mesma forma que vemos o mundo e as vidas dentro dele – uma visão e uma filosofia de vida que identificamos como Witchcraft – a Visão Wicca.

8. Auto-intitular-se “Bruxo/a” não faz o/a Bruxo/a, nem o faz a hereditariedade, a colecção de títulos, graus ou iniciações. Um/a Bruxo/a procura controlar as forças dentro de si próprio/a que tornam a vida possível, de forma a viver bem e com sabedoria, sem prejudicar os outros e em harmonia com a Natureza.

9. Acreditamos na afirmação e na concretização da vida, num processo de contínua evolução e desenvolvimento da consciência que dá significado ao Universo que conhecemos e ao papel pessoal que cada um de nós nele desempenha.

10. A nossa única animosidade contra o Cristianismo, ou contra qualquer outra religião ou filosofia de vida, acontece na medida em que as suas instituições defendam a sua via como “a única via”, tentando negar a liberdade dos outros e suprimir outras formas de prática e crença religiosas.

11. Como Bruxos/as Americanos/as, não nos sentimos ameaçados/as pelos debates sobre a história da Arte, as origens dos mais variados termos, a legitimidade dos vários aspectos das diferentes tradições. Preocupa-nos o nosso Presente e o nosso Futuro.

12. Não aceitamos o conceito de Mal absoluto, nem veneramos qualquer entidade conhecida por "Satanás" ou por "Diabo", definida pela tradição cristã. Não procuramos o poder através do sofrimento dos outros, nem aceitamos que o benefício pessoal possa vir apenas da negação do benefício de outrem.

13. Acreditamos que devemos procurar na Natureza aquilo que contribui para a nossa saúde e para o nosso bem-estar.

sábado, 13 de outubro de 2007

Tarot - VIII. A Força

"A força selvagem do génio é muitas vezes predestinada pela Natureza, para ser finalmente vencida por uma força silenciosa. O vulcão expele os seus jactos vermelhos com terrível força, como se fosse atingir as estrelas. Mas a calma e irresistível mão da gravidade apanha-os, e devolve-os à Terra."

Peter Bayne (escritor escocês, 1830-1896)


Simbologia e Arquétipo

Uma mulher, com um lemniscato sobre a cabeça, segura a cabeça de um leão de modo firme porém delicado. Em alguns baralhos a jovem surge abrindo a boca do leão, noutros fechando-a.


A Viagem do Louco

Seguindo os conselhos do guerreiro d’O Carro, o Louco triunfou sobre os seus inimigos e sente-se vitorioso, poderoso, arrogante, e até um pouco vingativo. Há dentro dele uma paixão que fervilha, e que ele mal consegue controlar. É neste estado que o Louco encontra uma jovem mulher que luta com um leão. Acorrendo em seu auxílio, o Louco chega a tempo de a ver fechar a boca do leão, delicadamente mas com firmeza. Aliás, o animal que parecia tão selvagem e feroz há poucos instantes, está agora sob o total domínio da jovem. Impressionado, o Louco pergunta-lhe como conseguiu tal proeza, ao que ela responda: “Força de vontade. Qualquer besta, não importa o quão selvagem, acaba por se vergar perante uma vontade superior”. Por momentos os olhos do Louco cruzam-se com os da sua interlocutora, e ele apercebe-se que ela, apesar da sua juventude e docilidade, possui grande poder e sabedoria. “Da mesma forma”, continua ela, “existem muitos impulsos indesejados dentro de nós. Não é errado senti-los, mas é errado deixar que nos controlem. Somos seres humanos, não bestas irracionais: podemos comandar essa energia, dirigi-la a objectivos mais elevados”. O Louco sentiu que a sua raiva se acalmava e, sentindo-se mais esclarecido, afastou-se com a certeza de que não fora apenas o leão a ser domado naquele dia pela força pura e inocente de uma jovem mulher.








A Força no baralho Quest (Llewellyn)






Notas Interpretativas

Tal como o signo que a rege, Leão, a carta d’A Força representa coragem e energia: a força selvagem do leão, e a vontade inabalável da jovem. Ela não tem medo, é absolutamente perseverante e indomável. Ela é a prova de que a força interior é muito mais poderosa do que a força física bruta. Na obra “Qabbalistic Tarot”, Wang compara esta carta com uma das virgens de Vesta, que cuidavam do fogo sagrado da Deusa do Coração. O fogo é algo que inspira medo, queima e pode facilmente fugir do controlo. Mas algures no tempo perdemos o medo dele – mas não o respeito. E com vontade e inteligência, soubemos transformá-lo numa ferramenta preciosa.






A Força no baralho Crystal (Lo Scarabeo)







Esta é uma mensagem muito próxima da d’O Carro, a de que é possível vencer controlando os instintos. A diferença é que a carta d’A Força garante que o Querente pode controlar não só a situação, mas também ele próprio. É uma carta que fala de dominar a raiva e os impulsos, de encontrar respostas criativas, de liderança, de manter a própria honra. O fogo, como o leão ou qualquer outra coisa que se queira controlar – uma situação, uma pessoa ou os próprios impulsos –, podem causar danos. A carta d’A Força traz a mensagem de que não se deve desistir nunca, mas ter a coragem de continuar a tentar e a certeza de que é possível vencer.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Wicca



"Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay"

Ditado Galego




Wicca é uma religião neopagã que recupera a tradição pagã europeia da era pré-cristã, do culto da Terra e dos ciclos naturais. A palavra Wicca vem do inglês antigo, e significa "dobrar ou alterar".

As origens históricas da Wicca não são tema consensual. Gerald Gardner (1864-1964), antropólogo e um dos maiores impulsionadores do movimento Wicca, defendia que este resultava da sobrevivência de várias crenças pagãs matriarcais existentes na Europa pré-histórica, que lhe teriam sido transmitidas por uma anciã chamada “Dafo” ou “Velha Dorothy”. Enquanto alguns investigadores modernos identificam estas personagens com Dorothy Clutterbuck (suposta líder do New Forest Coven de Inglaterra), outros há que defendem que se tratam de duas fontes independentes. Há ainda quem acredite que tudo pode não ter passado de uma criação do próprio Gardner, que assim obteve uma origem mais “credível” para os rituais que reescreveu a partir de tradições antigas, rituais de magia cerimonial e outras fontes mais recentes, como Aradia ou o Evangelho das Feiticeiras, de Charles Godfrey Leland (folclorista, 1824 – 1903). Philip Heselton, iniciado na Wicca e autor de Wiccan Roots e vários outros livros sobre o tema, defende que Gardner não foi o criador dos rituais sobre os quais escreveu, mas que os recebeu de uma fonte anónima credível e os transmitiu de boa-fé.

Desde as primeiras publicações de Gardner, a Wicca tem-se desenvolvido e ramificado em várias tradições com rituais e práticas distintos. Muitas destas tradições permanecem secretas, e requerem alguma espécie de iniciação dos seus membros efectivos. Existe também um movimento de Wiccans Eclécticos, que acreditam não ser necessária qualquer doutrina ou iniciação tradicionais para a prática da Wicca. Em 2001, o American Religious Identification Survey estimava a existência de pelo menos 134.000 adultos praticantes de Wicca nos Estados Unidos.

Conceitos Fundamentais

A inexistência de uma única organização de referência Wicca tem levado a uma crescente heterodoxia nas crenças e práticas dos adeptos Wicca. No entanto, os princípios religiosos e éticos essenciais, de veneração da Natureza como manifestação do Divino, permanecem os mesmos, transmitindo-se oralmente dentro de um coven (grupo de adeptos de Wicca que realizam as práticas religiosas em conjunto) e/ou através de inúmeras obras publicadas sobre o assunto. O ramo eclético preconiza que, dentro dos moldes descritos em seguida, cada um é livre de experimentar e estabelecer a relação com a divindade da forma que sentir ser, espiritualmente, a mais correcta.

Divindade

Para a maioria dos adeptos da Wicca, esta é uma religião duoteísta. A Deusa e o Deus são polaridades complementares que emanam de uma só fonte divina, e que estão presentes em toda a Natureza (dia e noite, feminino e masculino,…) numa generalização do princípio hermético de que “Tudo é dual”. As duas divindades são normalmente simbolizadas como Deus-Sol e Deusa-Lua, e esta por sua vez é uma tripla divindade: Deusa-Virgem (Quarto Crescente, o Nascimento), Deusa-Mãe (Lua Cheia, a Vida) e Deusa-Anciã (Quarto Minguante, a Morte). Algumas correntes da Wicca atribuem à Deusa um carácter pré-eminente, pois ela contém tudo e tudo cria. O Deus é adorado como a centelha da vida, a inspiração que motiva a criação da Deusa, simultaneamente o seu amante e o seu filho. O conceito duoteísta é frequentemente alargado a múltiplas divindades que não são mais do que manifestações do Deus (e.g. Pan, Zeus) e da Deusa (e.g. Diana, Hecate). O número e natureza dos deuses adorados pode variar de coven para coven e até mesmo entre praticantes do mesmo coven.

Símbolo da Deusa Tríplice


Animismo

O Deus e a Deusa podem manifestar-se nas pessoas, encarnando temporariamente nos corpos dos sacerdotes e sacerdotizas.

Os Elementos

Toda a força ou forma resulta da expressão de um ou da combinação de vários dos quatro Elementos – Terra, Ar, Fogo e Água. Há ainda um quinto elemento, o Espírito. Os cinco elementos formam as cinco pontas do Pentagrama, um dos símbolos mais importantes da Wicca.

O Círculo

Não existem edifícios dedicados à prática religiosa: qualquer lugar na Terra é adequado ao contacto com a divindade. O ritual inicia-se invariavelmente com a criação do Círculo, uma área circular em torno dos participantes que é purificada pelos quatro elementos. O restante do ritual é conduzido no interior do Círculo, com a invocação dos nomes da Deusa e do Deus, assim como dos poderes da Natureza. O Círculo é considerado uma zona de protecção dentro da qual o indivíduo está protegido, e onde pode atingir estados de consciência alterados, “entre mundos”. O Círculo serve também para conter a energia que é acumulada durante o ritual, até chegar o momento certo de a libertar em direcção ao objectivo pretendido.

As três leis fundamentais

Embora a Wicca não possua qualquer texto sagrado, existe um conjunto de 3 princípios essenciais para a forma de ser e estar de um wiccan.

1.An ye harm none, do what ye will”. Esta é a Wiccan Rede, e também o lema adoptado para o Nodo Ascendente: Faz o que quiseres, desde que não prejudiques ninguém. Deve ser aplicado às práticas mágicas e conduzir a uma atitude aberta e responsável perante a vida em geral.

2. Lei das Três Vezes: Aquilo que fizeres ser-te-á devolvido três vezes mais. Este é uma extensão do conceito do karma, e prevê que cada pessoa está sujeita às consequências dos seus actos, sendo que actos positivos geram retornos positivos, actos negativos atraem retornos negativos. Esta Lei parece confinada à corrente Gardneriana, pois o cumprimento da primeira Lei já assegura todo um código ético que dispensa o receio das consequências para ser eficaz.

3. A última grande crença é a da Reencarnação. Na Wicca não existe paraíso ou inferno, pois a Morte é considerada apenas uma outra forma de existência. Alguns adeptos acreditam que a alma renasce continuamente, para sempre, enquanto outros defendem que, uma vez aprendidas as lições necessárias, a alma conquista o direito ao repouso eterno num local designado na tradição britânica por “Summerlands” (ou “Terras de Verão”). A crença na Reencarnação lida com a questão do karma a um nível muito superior do da Lei das Três Vezes, assegurando que cada pessoa renasce para uma nova vida nas circunstâncias mais adequadas aos actos que praticou na vida anterior.


Para saber mais, consulte as obras de Scott Cunningham (destinadas sobretudo ao praticante de Wicca solitário) e Raven Grimassi (responsável pelo renascimento do paganismo em Itália, a Stregheria).


Fontes: