quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Quíron, o Curandeiro Ferido




Uma antiga profecia dos nativos americanos anuncia que os ensinamentos do Guerreiro Sagrado regressarão à Terra quando o planeta da Cura for descoberto nos céus.



Em 1977, foi identificado um planetóide cuja órbita se encontra entre as de Saturno e Urano. Inicialmente considerado um asteróide, a sua órbita muito excêntrica levou-a a ser classificado também como cometa, dando origem a uma nova classe de corpos celestes até então desconhecidos, e que foram designados pelos astrónomos por “centauros”. A este primeiro centauro, chamaram Quíron.
Na Mitologia Grega, Quíron era o mais notável dos centauros. Tal como os sátiros, a generalidade dos centauros levava uma vida de diversão e deliquência. Mas Quíron não partilhava da mesma linhagem dos seus pares. Filho de Cronos e da ninfa Philyra, era um centauro inteligente, civilizado e amável, excelente professor, e conhecia como ninguém os segredos da Medicina e da Astrologia. A nobreza de Chiron ficou definitivamente registada na mente colectiva com a história da sua morte.



Enquanto filho de um titã, Quíron era imortal. Num incidente entre Hércules e outros centauros, Quíron foi inadvertidamente atingido na coxa por uma das flechas envenenadas com o sangue de Hydra que ele próprio havia oferecido a Hércules. Ferido, Quíron optou por uma vida de reclusão, procurando sozinho uma cura para a dor que lhe havia sido inflingida e que, por mais que o magoasse, jamais seria fatal. Mas ele, que durante tanto tempo fora o mestre de todas as curas, nunca foi capaz de curar-se a si próprio. Passado algum tempo, Hércules visitou Quíron e propôs-lhe uma forma de terminar com o seu sofrimento. Para salvar a vida de Prometeu (acorrentado a um rochedo por tentar roubar aos deuses a chama sagrada do Conhecimento), era necessário que um ser imortal abdicasse voluntariamente da sua imortalidade. Assim, Hércules propôs a Quíron que se sacrificasse, salvando Prometeu e acabando com a sua própria dor. Quíron acedeu a morrer pela liberdade de Prometeu, e pôde finalmente ascender aos céus e descansar em paz.


Quíron em Astrologia
 O “Curandeiro Ferido” revela a ferida mais profunda de cada um de nós, aquela que não pode ser curada, mas que deve ser transcendida através da cura das feridas dos outros. Quíron estimula-nos a aprender com o maior dos sofrimentos, e a transcendê-lo ajudando outras pessoas a ultrapassar as suas próprias feridas. Ironicamente, e como a figura mitológica, seremos capazes de ensinar aquilo que nós próprios não somos capazes de fazer.
No mapa astrológico, Quíron mostra de que forma podemos (e devemos) exercer uma influência curativa nos outros. Essa capacidade raramente se manifesta em termos de cura física, mas sobretudo no que diz respeito a cura emocional, mental ou espiritual. A energia de Quíron estabelece uma ponte entre Saturno e Urano, e por isso pode também indicar uma área da vida onde a repressão cultural (Saturno) sobre a liberdade individual (Urano) é mais profunda, e onde por isso há uma maior vontade de revolta contra o status quo. Pode ser necessário muito tempo para reconhecer e mitigar as dores dessa ferida. Quíron mostra uma parte de nós que consideramos de algum modo inaceitável e, simultaneamente, imutável. No entanto, aquilo que aprendemos ao lidar com as dores quirónicas pode (e deve!) ser colocado ao serviço das outras pessoas.


A cura proposta por Quíron é a da auto-aceitação, mesmo que isso implique uma inconformidade social. Compete-nos elevarmo-nos acima daquilo que encaramos como “restrições”, das respostas condicionadas pelo “como deve ser” com as quais funcionámos durante a maior parte das nossas vidas. À medida que vamos avançando, encontramos formas cada vez mais criativas de lidar com isso e seguir em frente, e tornamo-nos capazes de auxiliar pessoas com feridas quirónicas idênticas.

Quíron nos Signos
Quíron em Carneiro
A ferida está na noção de Eu. Estas pessoas sentem falta de uma identidade própria, e por isso tendem a sentir pena de si próprias sempre que algo lhes causa sofrimento. No centro desta ferida está o modo como cada pessoa é capaz de se sentir realizado com aquilo que é, por dentro e por fora. Não serão capazes de ajudar os outros enquanto não fizerem as pazes consigo próprios. Em vez de deambularem em dúvidas, castigando-se pelo que não são, devem aprender a aceitar o que são. Ao reconhecerem os seus pontos fortes, adquirem a paz de espírito que lhes permite dar aos outros aquilo que aprenderam com a sua própria dor. Essa dádiva terá como principais alvos aqueles que sofrem com questões de auto-estima, como desordens alimentares e auto-mutilação.
 
Quíron em Touro
A ferida está na noção de valor próprio, na negligência, na sensação de que nunca se tem o suficiente. Estas pessoas sentem-se enfraquecidas por uma permanente sensação de abandono. No centro desta ferida está a necessidade de segurança e de prazer sensorial. Touro tem tudo a ver com auto-satisfação, mas com Quíron em Touro nunca se está realmente satisfeito. Em vez de se concentrarem naquilo que não têm, estas pessoas devem aprender a apreciar aquilo que têm. Ao valorizarem o que já possuem (relações pessoais, bens materiais, etc), tornam-se capazes de lidar com a falta de recursos de pessoas a quem faltam bens materiais e/ou afecto.

Quíron em Gémeos
A ferida está no duvidar das próprias capacidades mentais. Estas pessoas estão permanentemente à procura de novos conhecimentos, e sentem-se ameaçadas por quem demonstre algum talento especial para as palavras ou as ideias. No centro desta ferida está a necessidade de ser ouvido e compreendido. Com Quíron em Gémeos, é como se nunca se fosse escutado, ou se cada ideia expressa fosse ser ridicularizada. Em vez de se sentirem ignorantes pelo que não sabem, estas pessoas devem aproveitar ao máximo aquilo que sabem, valorizando os seus talentos e instintos naturais para se abrirem ao mundo a partilharem aquilo que aprenderam com a sua própria experiência. Essa partilha será especialmente útil no auxílio a pessoas com dificuldades de aprendizagem, ou que por alguma razão duvidem das suas capacidades intelectuais.

Quíron em Caranguejo
A ferida está na falta de amor. Estas pessoas sentem-se indignas de ser amadas, e são capazes de dar o melhor de si aos outros, sacrificando-se, para evitar sentir a dor quirónica. Com Quíron em Caranguejo, a necessidade de acarinhar, construir um lar e procurar segurança é totalmente projectada nos outros. Em vez de darem todo o seu amor às pessoas que os rodeiam, estas pessoas devem antes de mais aprender a amarem-se a si próprios. Isso permitir-lhes-á abrirem-se ao mundo e assim distribuir o seu imenso amor pelos outros de um modo mais equilibrado e saudável.

Quíron em Leão
A ferida está na restrição da própria expressão. Estas pessoas não acreditam nos seus próprios talentos, e sentem que nunca têm oportunidade de brilhar. Com Quíron em Leão, a falta de reconhecimento pelas próprias qualidades causa frustração e desencadeia a repressão do seu potencial criativo. Em vez de sentirem pena de si próprios por aquilo que ainda não realizaram, estas pessoas devem aprender a expressar os talentos que já possuem. Que importa se não são o Nobel da Literatura quando escrevem os seus pensamentos num diário pessoal? Que importa se não recebem um Óscar quando realizam filmes caseiros para divertir a família? Quando aprenderem a valorizar os talentos que já possuem, tornam-se capazes de partilhar com o mundo essa preciosa experiência, sobretudo em actividades relacionadas com expressão dramática.

Quíron em Virgem
A ferida está no reconhecimento da própria imperfeição. Estas pessoas não conseguem livrar-se da sensação de que alguma coisa está errada, como se estivessem incompletas, ou lhes faltasse qualquer coisa essencial à sua saúde e bem-estar. Em muitos casos, isso pode manifestar-se como hipocondria, não só no sentido físico mas num sentido emocional e espiritual mais abrangente. Com Quíron em Virgem, a constante preocupação e auto-crítica centram todas as atenções nos pequenos defeitos, ignorando as subtis alegrias da vida. Em vez de se centrarem nas suas imperfeições, estas pessoas devem compreender o quanto podem aprender sobre a sua própria cura com essas mesmas imperfeições. Esta posição de Quíron incentiva a ajuda a pessoas com problemas mentais, e uma abordagem realista de qualquer prática terapêutica.
 
Quíron em Balança
A ferida está na dependência e idealismo do amor. Estas pessoas tendem a relacionar-se de formar obsessiva, tornando-se excessivamente dependentes do outro e/ou quebrando laços afectivos sempre que o outro não cumpre com as suas elevadíssimas expectativas. Com Quíron em Balança, é exigido demasiado do outro, o que acaba por gerar sucessivas desilusões. Em vez de esperar harmonia e perfeição em todos os seus relacionamentos, estas pessoas devem compreender que o conflito pode gerar mais intimidade do que qualquer “amor cor-de-rosa”. Se aprenderem a ser mais independentes, poderão construir relacionamentos mais equilibrados e saudáveis, e auxiliar todos aqueles que se encontrem em situação de co-dependência.

 
Quíron em Escorpião
A ferida está no medo. Estas pessoas preocupam-se incessantemente com a eventual perda irreparável daquilo que têm: bens materiais, entes queridos, uma parte da alma ou a própria vida. Com Quíron em Escorpião, a vida é encarada com permanente preocupação e reserva, por receio de que qualquer momento de alegria possa ser rapidamente ensombrado por uma perda. Estas pessoas devem compreender que perder faz parte da vida, e pode ensinar lições muito valiosas. Aceitar sem medo o que a vida proporciona de “bom” e de “mau” ajudá-los-à a partilhar com o mundo as suas experiências, que serão especialmente úteis para outras pessoas em período de luto ou com dificuldades em gerir o stress.
 
Quíron em Sagitário
A ferida está na sensação de aprisionamento. Estas pessoas sentem-se destinadas a grandes feitos – aventura, perigo, aquisição de sabedoria – mas sentem-se injustamente aprisionadas na sua vida quotidiana, ou num corpo que não lhes permite actividades demasiado vigorosas. Com Quíron em Sagitário, a necessidade de liberdade nunca é satisfeita, acabando por gerar um profundo descontentamento com as circunstâncias da vida que não permite reconhecer a sabedoria das outras pessoas. Em vez de se revoltarem contra o seu destino, estas pessoas devem aprender a encontrar a sabedoria e a expansividade dentro de si próprias e das suas circunstâncias actuais. Com isso abrir-se-ão à oportunidade de partilhar conhecimentos com os outros.
 
Quíron em Capricórnio
A ferida está na falta de reconhecimento e compreensão. Estas pessoas sentem que se esforçam mais, trabalham mais, tomam melhores decisões e expressam-se com maior eficiência, mas que tudo isso é ignorado pelos outros. Com Quíron em Capricórnio, a necessidade de satisfazer as próprias ambições subindo cada vez mais alto impede o usufruto daquilo que já foi conquistado. Em vez de procurar constante validação pública pelo seu status e sucesso, estas pessoas devem aprender a reconhecer o valor daquilo que já construíram, e nisso encontrar uma auto-satisfação que ultrapassa em muito qualquer elogio, aumento ou recompensa pública. Com isso poderão ajudar outras pessoas a concretizar o seu potencial, através de aconselhamento profissional e avaliação de competências.

Quíron em Aquário
A ferida está no isolamento social. Estas pessoas nunca se sentem realmente integradas num grupo, por mais que o tentem. Sentem-se sempre postas de parte. Com Quíron em Aquário, a sensação de ser o “outsider” excêntrico é permanente, e para evitar essa não-pertença pode adoptar-se o comportamento oposto, de isolamento voluntário. Em vez de fingirem ser aquilo que não são, estas pessoas devem ser espontâneas e acarinhar a sua própria excentricidade. Quando aprenderem que podem individualmente ter um impacto positivo no todo e fazer a diferença, tornam-se capazes de ajudar em causas relacionadas com a expressão da individualidade e a defesa dos direitos humanos.
 
Quíron em Peixes
A ferida está na perda da fé. Estas pessoas experimentaram uma grande desilusão nas suas vidas, que as fez perder a fé e as tornou mais amargas, fechando-lhes o coração para evitar futuros dissabores. Com Quíron em Peixes, a desilusão e a traição dificultam a ligação ao Universo, favorecendo o cinismo, a desconfiança e a frieza. Em vez de negarem aquilo em que realmente acreditam, estas pessoas devem compreender que tudo tem a sua razão de ser e de acontecer. Quando interiorizarem o facto de que nenhum sofrimento é em vão, e que perder a fé momentaneamente pode de facto enriquecer essa mesma fé no longo prazo, tornam-se capazes de oferecer ao mundo essa extraordinária lição, sobretudo em grupos dedicados a causas espirituais ou ecologistas.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Signos do Zodíaco - VI. Virgem

"Sê fiel nas pequenas coisas, porque é nelas que a tua força reside."
"Nesta vida não podemos fazer grandes coisas. Podemos apenas fazer pequenas coisas com grande Amor."
Madre Teresa de Calcutá (nativa de Virgem)


Sistema Tropical:  23 de Agosto – 22 de Setembro
Sistema Sideral:    16 de Setembro – 15 de Outubro
Constelação: Virgo
Elemento: Terra
Qualidade: Mutável
Partes do Corpo: Região abdominal (intestinos grosso e delgado, baço, região inferior do fígado).
Regência Base: Mercúrio
Exaltação: Urano
Exílio: Júpiter e Neptuno
Queda: Lua
Pedra preciosa: Safira
Metal: Mercúrio
Cores: Azul escuro, cores terra em tons escuros e suaves (verde, castanho, cinza)
Número: 5
Dia: Quarta-feira (“Wednesday”, dia de Odin, deus nórdico da sabedoria e do conhecimento)

Simbologia e Mitologia

A constelação de Virgem representou muitas entidades ao longo dos tempos, todas elas simbólicas da pureza, da fertilidade e, claro, da virgindade. Na Índia, esta constelação era identificada com Kauni, mãe do grande deus Krishna. Entre os Assírios, seria Baalita, esposa do deus Baal. Os Egípcios associaram a constelação de Virgem à deusa Isis, que ensinou à Humanidade as virtudes do casamento, da gestão do lar, da medicina, da maternidade e da utilização de poções mágicas e feitiços.
Os Babilónios chamavam-lhe Ishtar, deusa da Procriação, que desceu ao Submundo para resgatar o seu marido Tammuz, deus das colheitas, raptado pelo Rei Inverno. Ao reencontrar Tammuz, Ishtar tornou-se ela própria prisioneira, deixando de cuidar dos campos que foram dominados pelo gelo e pela neve do Rei Inverno. 
Mas os deuses notaram que a Terra estava árida, estéril, e por isso ordenaram a libertação de Ishtar e Tammuz. Ela continua a chorar a morte do seu esposo todos os Outonos, quando terminam todas as colheitas e o Inverno volta a reclamar a Terra como seu domínio, mas na Primavera Tammuz ressurge nos novos rebentos, e Tammuz volta a inundar a Terra de fertilidade e abundância.
Entre os Gregos, a constelação de Virgem foi inicialmente associada a Dike, deusa da justiça humana, filha de Zeus e de Témis (deusa da justiça divina). Dike viveu parte da sua vida entre os mortais, mas acabou por retirar-se para o Olimpo quando se viu incapaz de manter a justiça na Terra.
Outras referências da mitologia grega incluem Parthenos, princesa de Naxos e filha de Apolo e Crisotemis (Parthenos significa “virgem” e é também um dos epítetos da deusa Atena), e Tyche, deusa da Sorte.

Significado Astrológico

Com o final do Verão, a euforia da ceifa dá lugar a uma avaliação atenta e sábia da colheita (regência de Mercúrio). Como conservá-la e geri-la durante os meses rigorosos que se avizinham? Com competência técnica (exaltação de Urano) e muita poupança e auto-controlo, sem qualquer indulgência ao esbanjamento (exílio de Júpiter). Com a entrada do Sol no signo de Virgem, a Natureza regressa a um estado de aridez (queda da Lua), de imobilidade contrária a qualquer aventura (exílio de Neptuno). O Ego assume aqui uma cautela extrema: tudo deve ser criteriosamente analisado, organizado, classificado, e o sentido de crítica e auto-crítica é apuradíssimo. Há uma tendência natural para a ordem material e moral, para os problemas concretos do Hoje, o que reduz a sensibilidade em relação a problemas abstractos e a questões intuitivas.
O estereótipo de um nativo de Virgem coloca-o num local bem definido da hierarquia social, mas não no topo. As suas qualidades perfeccionistas aceitam bem a liderança de outrem, e o seu extremo cuidado com o detalhe, embora possa impedi-los de vislumbrar um panorama mais abrangente, permite-lhes concentrar e resolver com sucesso questões muito específicas. São trabalhadores sérios, dedicados e 
incansáveis, com um raro sentido de dever. Aliás, o seu enorme desejo de serem úteis é uma das suas características mais notáveis, e a fonte da sua vocação para a medicina, a enfermagem ou as terapias alternativas.

Primeiro Decano: 23 – 31 Agosto
Os nativos do primeiro decano são conhecidos como os Construtores do Sistema. Este decano é o que reúne as características mais típicas do signo de Virgem: curiosidade insaciável, rapidez de decisão, jovialidade, versatilidade, boas capacidades de comunicação oral e escrita. Os nativos deste decano adoram trabalhar, preferindo tarefas que envolvem esforço mental, e preocupam-se com a saúde e o bem-estar. São excelentes organizadores e conseguem lidar com várias questões em simultâneo, mas tendem a ser demasiado perfeccionistas: seriam mais felizes se conseguissem levar a vida um pouco menos a sério. São mais susceptíveis a alergias, ao ruído e à falta de gentileza, e por isso tendem a viver com demasiadas preocupações, ansiedades e inseguranças. O Sol é o segundo planeta regente deste decano (o primeiro é Mercúrio, como nos restantes decanos), e confere aos seus nativos o génio inventivo e as qualidades científicas que os tornam mais vocacionados para trabalhar pelo bem comum do que para proveito próprio.
Segundo Decano: 1 – 10 Setembro
O segundo decano tem Saturno como segundo regente. A maior influência de Saturno sobre os nativos de Virgem será a ambição pessoal como força motriz. Os nativos do segundo decano nunca estão verdadeiramente satisfeitos com aquilo que realizam, e esperam alcançar o máximo sucesso em tudo aquilo a que se dedicam. Estão dispostos a trabalhar arduamente para chegar ao topo, e embora seja frequente encontrarem obstáculos pelo caminho, nunca se deixam desencorajar por muito tempo. A influência de Saturno promove o “florescimento tardio” de todas as potencialidades destes nativos, que frequentemente só começam a atingir os seus objectivos depois dos 30 anos. Por outro lado, a tendência para se levarem demasiado a sério é mais forte neste decano do que nos outros. Os seus nativos devem por isso ter cuidado com o excessivo pessimismo, que pode inclusivamente levá-los a longas depressões. É por isso essencial que aprendam a rir de si próprios e das circunstâncias, e a valorizar as relações pessoais e o tempo de lazer, ou tornar-se-ão workaholics que não descansam enquanto não atingirem as elevadas metas profissionais que estabeleceram para si próprios.
Terceiro Decano: 11 – 21 Setembro
No terceiro decano, o segundo regente é Vénus, que traz consigo uma série de variações interessantes à personalidade virginiana. Os nativos deste decano elevam o sentido prático a um nível superior, dando importância apenas àquilo que os seus sentidos podem detectar. São inteligentes, conversadores, sociáveis, muito tenazes e geralmente sinceros, mas tendem a intrometer-se na vida das pessoas que lhes estão mais próximas. Uma boa dose de paciência permite-lhes tolerar grandes doses de desilusões, pressões ou críticas durante consideráveis períodos de tempo.
O seu lema? Quero dar. 
Como se define? EU ANALISO!
Fontes:
Introdução à Astrologia, de Lisa Morpurgo (Ed. Pergaminho)
Manual de Interpretação Astrológica, de Stephen Arroyo (Pub. Europa-América)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Tarot - XIII. A Morte

"A chamada da Morte é uma chamada de amor. A Morte pode ser doce se lhe respondermos afirmativamente, se a aceitarmos como uma das grandes formas eternas de Vida e Transformação."

Herman Hesse (Poeta, novelista e pintor germano-suiço, 1877-1962)


Símbolos Básicos

Um esqueleto a cavalo, com armadura ou vestes negras, segura um alfange ou uma bandeira com uma rosa branca sobre fundo preto. Em certos baralhos é possível ver o Sol nascente no horizonte. Outras figuras secundárias podem aparecer nesta carta, habitualmente crianças.


A Viagem do Louco

Depois de deixar a árvore onde esteve dependurado, o Louco move-se cautelosamente por um campo em pousio. O ar está frio, invernoso, as árvores despidas de folhas. À sua frente, avançando como o Sol que nasce no horizonte, encontra um esqueleto vestido com uma armadura negra, montado num cavalo branco. Reconhece-o: é a Morte. O cavaleiro-esqueleto detém-se à sua frente. Humildemente, o Louco pergunta-lhe “Vens dizer-me que morri?”. De facto, sente-se tão vazio e desolado como a paisagem que o circunda. A Morte responde: “Sim, de certa forma. Sacrificaste o teu velho mundo, o teu velho Eu. Ambos desapareceram, morreram.” Reflectindo sobre estas palavras, o Louco deixa escapar um lamento. “Que triste…”. “Sim, é triste”, diz a Morte, “mas é a única forma de renascer. Um novo Sol ascende já no horizonte, e este é, para ti, um tempo de grande transformação.” A Morte afasta-se, a galope, e o Louco sente dentro de si a verdade das suas palavras. Também ele se sente como um esqueleto, despojado de

 tudo o que sempre lhe foi familiar. Sim, é desta forma que começam todas as transformações, removendo tudo até ao osso, e construindo o novo sobre as fundações despidas.

 

Notas interpretativas

A Carta da Morte pode significar literalmente “morte”, nas circunstâncias adequadas (p.ex. uma questão sobre um familiar idoso ou muito doente). No entanto, e ao contrário do que mostram as suas esporádicas aparições dramáticas em filmes e séries televisivas, esta carta tem muito maior probabilidade de sinalizar uma transformação, uma passagem, uma mudança. Escorpião, o signo que rege a Carta da Morte, tem 3 formas: escorpião, serpente e águia. Esta carta simboliza por isso a evolução do ponto mais baixo para o ponto intermédio, para o ponto mais alto. Trata de humildade, e pode indicar que o Querente atingiu ou atingirá um ponto baixo na sua vida, mas apenas para que possa subir mais alto do que alguma vez subiu. E não esquecer que, até nesta carta de escuridão, há um nascer do Sol.

O signo de Escorpião contém também a dualidade sexo/morte. Na cultura ocidental é comum encarar a Morte como algo assustador, um fim que deve ser temido e por isso mesmo odiado. Noutras tradições, no entanto, a Morte, embora traga tristeza, é tão importante e natural como qualquer outra parte do ciclo da Vida. No sentido kármico, temos de morrer para podermos renascer. O Inverno acontece para que a Primavera lhe possa suceder, e só quando experimentamos a perda podemos apreciar aquilo que temos. A Carta da Morte indica por isso um tempo de mudança, o fim do velho para que o novo possa começar. Esta transição pode implicar tristeza, uma sensação de vazio, mas também a oportunidade para ascender novamente, como Fénix renascida das cinzas. A Morte não é o fim. É apenas o percursor da ressurreição.


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Plutão em Capricórnio: muito além da Crise Financeira

"Que vivamos em tempos interessantes!"

(Suposto provérbio/bênção/maldição de origem supostamente chinesa... confusos? Eu também ;-)


Plutão é descrito por alguns astrólogos modernos como arquétipo astrológico da Alma. Outros preferem vê-lo como o nosso Alter-Ego que, quando é compreendido e aceite, nos completa e sintoniza com o que de mais profundo existe na nossa Alma.

Com o seu longo ciclo de 248 anos terrestres, Plutão afecta em grande medida a parte de nós que está para além da duração de uma vida humana. Os trânsitos de Plutão (ou seja, a posição relativa de Plutão em cada momento que passa, e a sua ligação à posição de outros planetas, quer no céu actual quer no mapa natal de qualquer pessoa), quando revestidos de especial intensidade, fornecem um manancial de informação demasiado grande para a compreensão do ego humano. Mas se a força de Plutão transita em algum aspecto particular com um dos planetas pessoais do mapa natal, o ego torna-se consciente das estranhas e poderosas correntes plutonianas, que fluem muito para além da nossa esfera de familiaridade. Plutão traz consigo a morte e o renascimento. Porque a morte é necessária para eliminar tudo o que é decadente, para que a vida possa uma vez mais ressurgir.

Plutão entrou definitivamente no signo de Capricórnio a 26 de Novembro de 2008, e lá permanecerá até 21 de Janeiro de 2024. Com a estada de Plutão em Sagitário desde 1995, assistimos a numerosas guerras religiosas, à ascensão do terrorismo, à transformação do jornalismo em propaganda política e ideológica, à banalização da Internet como meio de propagação de informação mas também de mexerico… Regido por Júpiter, o planeta do optimismo, Sagitário permitiu a crescente especulação nos mercados imobiliário e financeiro, que em última análise gerou a actual crise financeira. Porquê AGORA esta queda vertiginosa de instituições bancárias e todas as falências que vêm de arrasto, porquê AGORA e não noutra altura qualquer? Bem, porque Plutão chegou a Capricórnio, no momento em que Saturno (regente de Capricórnio) se encontra em Virgem (paradigma do bom senso e do sentido crítico). 

Que quer isto dizer? Que neste momento era inevitável o início de uma grande revolução. Que as velhas estruturas governamentais e financeiras, as bases materiais que têm vindo a sustentar a nossa sociedade (e de que trata Capricórnio) já não garantem o bem-estar da generalidade dos indivíduos. A presença de Saturno em Virgem colabora nessa dura mas necessária lição, e quem arriscou mais do que podia sem se acautelar vê-se agora obrigado a lidar com tempos difíceis. Nem tudo são más notícias, claro! Saturno é um grande mestre, que regularmente materializa o velho provérbio: “Cada um colhe aquilo que plantou”. Quem tem sido prudente com os assuntos de Virgem – carreira profissional, mas também saúde e bem-estar físico – irá certamente colher os melhores frutos. Todos os outros… bem, animem-se! Que não há “mal” que dure sempre ;-)


Voltando à entrada de Plutão em Capricórnio: o que significa a nível global? Olhando para o Passado talvez possamos compreender melhor o Presente, espreitar o Futuro.

As inspirações que surgem na mente colectiva durante a estada de Plutão em Sagitário são concretizadas no plano material quando Plutão segue rumo para Capricórnio. Jesus pregou na era de Plutão em Sagitário, mas foi com Plutão em Capricórnio que S. Paulo se converteu ao Cristianismo, e espalhou a sua mensagem pelo mundo antigo, sendo considerado um dos grandes percursores do estabelecimento da religião de Cristo tal como a conhecemos hoje.

O Império Romano expandiu-se descontroladamente até ruir sobre os seus próprios vícios, na era de Plutão em Sagitário. O Imperador Deocleciano tomou o poder com Plutão em Capricórnio, e criou as bases que sustentariam o Império a Ocidente durante os 400 anos seguintes. O domínio de Deocleciano promoveu as últimas grandes perseguições aos seguidores do Cristianismo, que finalmente, com a ascensão de Constantino ao poder e a entrada de Plutão em Aquário, se tornou a religião oficial do Império Romano.

No séc. VIII, Carlos Magno conquistou as honras que o tornariam Imperador durante a estadia de Plutão em Capricórnio. Além disso, graças à sua promoção da leitura e das artes, foi possível preservar muitos manuscritos antigos que de outra forma se teriam perdido.

No séc. XVI, Martinho Lutero desencadeou a reforma protestante (revolução das revoluções no seio da Igreja Católica – Plutão gerando a destruição e o renascimento numa das estruturas fundamentais da sociedade). Na mesma época, Hernán Cortes dava início ao domínio europeu sobre o continente americano, e o comércio europeu na Ásia lançava as sementes que se tornariam o vasto colonialismo ocidental na África e na Ásia concretizado até ao séc. XIX.

Com a chegada de Plutão a Capricórnio em finais de 2008, aproximamo-nos a passos largos do intrigante final do Calendário Maia (21 de Dezembro de 2012), que conclui um período de 26.625 anos. Este é aproximadamente o tempo necessário para que o eixo de rotação da Terra descreva um círculo completo. Em 2012, o eixo de rotação da Terra voltará a estar alinhado com o centro da nossa galáxia. E se até agora esteve apontado para o sector da esfera celeste a que chamamos Peixes, a partir de 2012 a sua direcção entra definitivamente em Aquário. Em 21 de Dezembro de 2012, quando nos realinharmos com o centro da galáxia pela primeira vez em 26.625 anos, Plutão estará em Capricórnio.

Muitos de nós temem o acréscimo da opressão e do sacrifício das liberdades individuais em nome da segurança colectiva. Este “estado policial” surge apenas porque colectivamente sentimos um crescente desejo de ordem e disciplina nas nossas vidas. Esse desejo inconsciente fomenta o medo e a permissibilidade necessária para aceitar abusos cada vez mais frequentes dos direitos humanos mais fundamentais, como a chamada “luta contra o terrorismo” e todas as atrocidades que em seu nome têm sido cometidas. A entrada de Plutão em Capricórnio pode bem deitar abaixo esta “torre de mentiras” que inconscientemente construímos como resposta ao medo, concretizando os nossos desejos de paz e liberdade através da força das nossas acções, individuais e colectivas. Isto, claro, se cada um de nós encontrar dentro de si a coragem necessária para agir.



À medida que os recursos naturais começam a escassear, os países industrializados não poderão manter por muito mais tempo os actuais níveis de consumo. Como o Império Romano a “rebentar pelas costuras” no final da estada de Plutão em Sagitário no séc. III, assistimos hoje a um nível de consumo e de poluição sem precedentes que ameaça destruir toda a biosfera, e aceitamos a guerra pelos recursos naturais como um mal necessário.

Depois da passagem de Quíron (“o mestre que cura”) por Capricórnio, muitos de nós começam a acordar para o facto de que os velhos hábitos nos vão matando lentamente. Plutão em Sagitário deu-nos a inspiração para nos reconectarmos com o planeta que nos acolhe. Ingressando em Capricórnio, o grande transformador dá-nos agora a escolha de materializar essa inspiração, ou de morrer tentando-o.

Capricórnio é regido por Saturno, e é neste signo que Marte se encontra exaltado. Isto significa que a energia saturnina se identifica perfeitamente com o carácter capricorniano, enquanto a intensidade marciana pode expressar-se especialmente bem se o fizer através do modo de funcionar deste signo. Saturno é a estrutura da sociedade que conhecemos, o governo e a pirâmide social. Marte, a força de vontade individual no seu estado bruto. Daí que a estada de Plutão em Capricórnio nos motiva, individualmente, a tomar consciência dos objectivos essenciais do Presente e a agir no momento certo da forma certa, alterando para sempre o tecido que constitui a experiência colectiva da Humanidade. S. Paulo, Carlos Magno e Martinho Lutero foram apenas indivíduos, tão insignificantes como Plutão, pedaço de gelo e rocha tão longe do Sol que pouco mais luz emite do que as estrelas que o circundam. Um indivíduo, um átomo, uma partícula viral, podem parecer relativamente pouco importantes, mas no momento certo tornam-se capazes de desencadear uma religião, uma bomba nuclear, uma pandemia. Toda a árvore centenária começa apenas com uma semente. Se formos capazes de reconhecer o nosso poder individual e os seus potenciais efeitos no aparentemente imutável esquema social em que nos inserimos, talvez consigamos convencer o resto da Humanidade de que somos capazes de vencer os monstros que o nosso medo criou, e finalmente viver em harmonia com o planeta que nos acolhe.


PS – Para quem como eu espera o retorno de Saturno este ano, no signo de Virgem: Plutão estará em trígono a Saturno por várias vezes, o que tornará inútil e particularmente dolorosa qualquer resistência a uma mudança que se adivinha inevitável e muito profunda. E falta ainda referir a actual oposição de Saturno a Urano, necessidade de controlo e estabilidade versus liberdade individual… Bem, mas isso e muito mais ficará para um próximo post ;-)


Fontes: A Future with PlutoAstrodynamics: Pluto in CapricornPluto in Capricorn: When the Lord of the Underworld dresses up like a Goat-Fish