quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Plutão em Capricórnio: muito além da Crise Financeira

"Que vivamos em tempos interessantes!"

(Suposto provérbio/bênção/maldição de origem supostamente chinesa... confusos? Eu também ;-)


Plutão é descrito por alguns astrólogos modernos como arquétipo astrológico da Alma. Outros preferem vê-lo como o nosso Alter-Ego que, quando é compreendido e aceite, nos completa e sintoniza com o que de mais profundo existe na nossa Alma.

Com o seu longo ciclo de 248 anos terrestres, Plutão afecta em grande medida a parte de nós que está para além da duração de uma vida humana. Os trânsitos de Plutão (ou seja, a posição relativa de Plutão em cada momento que passa, e a sua ligação à posição de outros planetas, quer no céu actual quer no mapa natal de qualquer pessoa), quando revestidos de especial intensidade, fornecem um manancial de informação demasiado grande para a compreensão do ego humano. Mas se a força de Plutão transita em algum aspecto particular com um dos planetas pessoais do mapa natal, o ego torna-se consciente das estranhas e poderosas correntes plutonianas, que fluem muito para além da nossa esfera de familiaridade. Plutão traz consigo a morte e o renascimento. Porque a morte é necessária para eliminar tudo o que é decadente, para que a vida possa uma vez mais ressurgir.

Plutão entrou definitivamente no signo de Capricórnio a 26 de Novembro de 2008, e lá permanecerá até 21 de Janeiro de 2024. Com a estada de Plutão em Sagitário desde 1995, assistimos a numerosas guerras religiosas, à ascensão do terrorismo, à transformação do jornalismo em propaganda política e ideológica, à banalização da Internet como meio de propagação de informação mas também de mexerico… Regido por Júpiter, o planeta do optimismo, Sagitário permitiu a crescente especulação nos mercados imobiliário e financeiro, que em última análise gerou a actual crise financeira. Porquê AGORA esta queda vertiginosa de instituições bancárias e todas as falências que vêm de arrasto, porquê AGORA e não noutra altura qualquer? Bem, porque Plutão chegou a Capricórnio, no momento em que Saturno (regente de Capricórnio) se encontra em Virgem (paradigma do bom senso e do sentido crítico). 

Que quer isto dizer? Que neste momento era inevitável o início de uma grande revolução. Que as velhas estruturas governamentais e financeiras, as bases materiais que têm vindo a sustentar a nossa sociedade (e de que trata Capricórnio) já não garantem o bem-estar da generalidade dos indivíduos. A presença de Saturno em Virgem colabora nessa dura mas necessária lição, e quem arriscou mais do que podia sem se acautelar vê-se agora obrigado a lidar com tempos difíceis. Nem tudo são más notícias, claro! Saturno é um grande mestre, que regularmente materializa o velho provérbio: “Cada um colhe aquilo que plantou”. Quem tem sido prudente com os assuntos de Virgem – carreira profissional, mas também saúde e bem-estar físico – irá certamente colher os melhores frutos. Todos os outros… bem, animem-se! Que não há “mal” que dure sempre ;-)


Voltando à entrada de Plutão em Capricórnio: o que significa a nível global? Olhando para o Passado talvez possamos compreender melhor o Presente, espreitar o Futuro.

As inspirações que surgem na mente colectiva durante a estada de Plutão em Sagitário são concretizadas no plano material quando Plutão segue rumo para Capricórnio. Jesus pregou na era de Plutão em Sagitário, mas foi com Plutão em Capricórnio que S. Paulo se converteu ao Cristianismo, e espalhou a sua mensagem pelo mundo antigo, sendo considerado um dos grandes percursores do estabelecimento da religião de Cristo tal como a conhecemos hoje.

O Império Romano expandiu-se descontroladamente até ruir sobre os seus próprios vícios, na era de Plutão em Sagitário. O Imperador Deocleciano tomou o poder com Plutão em Capricórnio, e criou as bases que sustentariam o Império a Ocidente durante os 400 anos seguintes. O domínio de Deocleciano promoveu as últimas grandes perseguições aos seguidores do Cristianismo, que finalmente, com a ascensão de Constantino ao poder e a entrada de Plutão em Aquário, se tornou a religião oficial do Império Romano.

No séc. VIII, Carlos Magno conquistou as honras que o tornariam Imperador durante a estadia de Plutão em Capricórnio. Além disso, graças à sua promoção da leitura e das artes, foi possível preservar muitos manuscritos antigos que de outra forma se teriam perdido.

No séc. XVI, Martinho Lutero desencadeou a reforma protestante (revolução das revoluções no seio da Igreja Católica – Plutão gerando a destruição e o renascimento numa das estruturas fundamentais da sociedade). Na mesma época, Hernán Cortes dava início ao domínio europeu sobre o continente americano, e o comércio europeu na Ásia lançava as sementes que se tornariam o vasto colonialismo ocidental na África e na Ásia concretizado até ao séc. XIX.

Com a chegada de Plutão a Capricórnio em finais de 2008, aproximamo-nos a passos largos do intrigante final do Calendário Maia (21 de Dezembro de 2012), que conclui um período de 26.625 anos. Este é aproximadamente o tempo necessário para que o eixo de rotação da Terra descreva um círculo completo. Em 2012, o eixo de rotação da Terra voltará a estar alinhado com o centro da nossa galáxia. E se até agora esteve apontado para o sector da esfera celeste a que chamamos Peixes, a partir de 2012 a sua direcção entra definitivamente em Aquário. Em 21 de Dezembro de 2012, quando nos realinharmos com o centro da galáxia pela primeira vez em 26.625 anos, Plutão estará em Capricórnio.

Muitos de nós temem o acréscimo da opressão e do sacrifício das liberdades individuais em nome da segurança colectiva. Este “estado policial” surge apenas porque colectivamente sentimos um crescente desejo de ordem e disciplina nas nossas vidas. Esse desejo inconsciente fomenta o medo e a permissibilidade necessária para aceitar abusos cada vez mais frequentes dos direitos humanos mais fundamentais, como a chamada “luta contra o terrorismo” e todas as atrocidades que em seu nome têm sido cometidas. A entrada de Plutão em Capricórnio pode bem deitar abaixo esta “torre de mentiras” que inconscientemente construímos como resposta ao medo, concretizando os nossos desejos de paz e liberdade através da força das nossas acções, individuais e colectivas. Isto, claro, se cada um de nós encontrar dentro de si a coragem necessária para agir.



À medida que os recursos naturais começam a escassear, os países industrializados não poderão manter por muito mais tempo os actuais níveis de consumo. Como o Império Romano a “rebentar pelas costuras” no final da estada de Plutão em Sagitário no séc. III, assistimos hoje a um nível de consumo e de poluição sem precedentes que ameaça destruir toda a biosfera, e aceitamos a guerra pelos recursos naturais como um mal necessário.

Depois da passagem de Quíron (“o mestre que cura”) por Capricórnio, muitos de nós começam a acordar para o facto de que os velhos hábitos nos vão matando lentamente. Plutão em Sagitário deu-nos a inspiração para nos reconectarmos com o planeta que nos acolhe. Ingressando em Capricórnio, o grande transformador dá-nos agora a escolha de materializar essa inspiração, ou de morrer tentando-o.

Capricórnio é regido por Saturno, e é neste signo que Marte se encontra exaltado. Isto significa que a energia saturnina se identifica perfeitamente com o carácter capricorniano, enquanto a intensidade marciana pode expressar-se especialmente bem se o fizer através do modo de funcionar deste signo. Saturno é a estrutura da sociedade que conhecemos, o governo e a pirâmide social. Marte, a força de vontade individual no seu estado bruto. Daí que a estada de Plutão em Capricórnio nos motiva, individualmente, a tomar consciência dos objectivos essenciais do Presente e a agir no momento certo da forma certa, alterando para sempre o tecido que constitui a experiência colectiva da Humanidade. S. Paulo, Carlos Magno e Martinho Lutero foram apenas indivíduos, tão insignificantes como Plutão, pedaço de gelo e rocha tão longe do Sol que pouco mais luz emite do que as estrelas que o circundam. Um indivíduo, um átomo, uma partícula viral, podem parecer relativamente pouco importantes, mas no momento certo tornam-se capazes de desencadear uma religião, uma bomba nuclear, uma pandemia. Toda a árvore centenária começa apenas com uma semente. Se formos capazes de reconhecer o nosso poder individual e os seus potenciais efeitos no aparentemente imutável esquema social em que nos inserimos, talvez consigamos convencer o resto da Humanidade de que somos capazes de vencer os monstros que o nosso medo criou, e finalmente viver em harmonia com o planeta que nos acolhe.


PS – Para quem como eu espera o retorno de Saturno este ano, no signo de Virgem: Plutão estará em trígono a Saturno por várias vezes, o que tornará inútil e particularmente dolorosa qualquer resistência a uma mudança que se adivinha inevitável e muito profunda. E falta ainda referir a actual oposição de Saturno a Urano, necessidade de controlo e estabilidade versus liberdade individual… Bem, mas isso e muito mais ficará para um próximo post ;-)


Fontes: A Future with PlutoAstrodynamics: Pluto in CapricornPluto in Capricorn: When the Lord of the Underworld dresses up like a Goat-Fish

3 comentários:

  1. Olá medusa! Achei o teu blogue e gostei bastante!estou a dar os 1ºs passos na astrologia e a maneira como descreves as coisas,como fazes as associações, aclara-me as ideias..pois não é facil ir buscar o âmago da coisa..eu pelo menos tenho dificuldade!..e como não sou muito de racionalizar, tento sentir, intuir a astrologia, buscando o que faz sentido para mim!..e a tua abordagem fez! por isso, obrigada!! Um abraço, Patrícia

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  2. Medusa, muito bom. Hoje arranjei um tempo extra para ler os seus posts de astrologia. Muito interessante isso de fazer o retorno de Saturno este ano.

    Os contactos entre Plutão e Saturno remetem-se sempre para este conceito - a arquitectura da nossa vontade pessoal.

    Aproveite esse trígono.

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  3. Olá! Adorei o blog e vou segui-lo!!! Tenho buscado mais informações sobre o tema Plutão em Capricórnio, pois sou capricorniano (com ascendente em Touro)e sempre ouvi dizer que Plutão é um destruidor. Além disso, Saturno está em Libra, em quadratura com Plutão (uau!). estou muito inseguro quanto a isso. O que isso significa??? Será que podes me ajudar a entender melhor ou pelo menos me deixar mais seguro/tranquilo?
    Obrigado pelo blog e pelas informações tão assetivas aqui contidas!!!
    super abraços!......vlad

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