Quando, em meio de uma qualquer conversa social, surge o tema da Astrologia, é comum ter de ouvir comentários do género “Mas tu acreditas nisso?”, ou “Que parvoíce! Achar que toda a gente que nasceu no mesmo mês funciona da mesma maneira!” É difícil para mim, que já há 10 anos me dedico ao estudo da Astrologia (por simples e genuíno “amor à arte”), ouvir este tipo de baboseiras sem, primeiro, reagir ferozmente, e depois, abdicar de “perder tempo” a argumentar com quem não tem uma atitude minimamente aberta em relação a este tipo de assuntos. No entanto, a demonstração da credibilidade da Astrologia não deve nunca ser deixada de lado, sob pena de que os “amantes” desta Arte se isolem progressivamente e percam o interesse em partilhar o seu conhecimento, que pode ser tão útil para a comunidade como outro conhecimento qualquer.
Este post é dedicado ao meu amigo ET (futuro blogger do Nodo Ascendente, espero eu ;-) e a todos os inconformados que tentam revoltar-se contra a ignorância generalizada, esteja ela onde estiver.
Qui habet aures audiendi audiat.
(Quem tiver ouvidos, que aprenda a ouvir.)
1. O que é a Astrologia?
A Astrologia é o estudo da relação entre os fenómenos celestes e os acontecimentos na Terra, partindo do princípio hermético “Em cima como em baixo”: o macrocosmo (o Céu) reflecte-se no microcosmo (a Terra). Compreendemos o alcance deste princípio se nos lembrarmos, por exemplo, que um átomo se parece muito com um sistema solar em miniatura, e um furacão com a estrutura em espiral de uma galáxia – tudo na Natureza segue um padrão de similaridade. A Astrologia aplica os movimentos e ciclos dos corpos celestes à descrição de eventos terrenos, quer na mente individual quer na mente colectiva. A Astrologia não tem de ser considerada uma Ciência no sentido institucional que esta palavra hoje tem – mas é sem dúvida uma scientia, um conhecimento, um saber. A Música e a Arte também não são ciências, mas nem por isso o seu riquíssimo património é desmerecido.
2. O que é que está por detrás das influências planetárias estudadas na Astrologia? Como é que a posição de um determinado astro pode explicar, por exemplo, um certo aspecto do comportamento de uma pessoa em particular?
Embora algumas pessoas pensem que os planetas exercem algum tipo de força magnética sobre nós, e que é isso que explica a Astrologia, tal não é de todo claro ou consensual. A explicação mais plausível é a de que os planetas vibram harmoniosamente uns com os outros, e com a Terra, criando padrões vibracionais (como uma pedra atirada a um charco) aos quais a vida na Terra responde a um nível instintivo. Considerando o primeiro e o terceiro princípios herméticos (ver post sobre este assunto!), tudo vibra, em planos diferentes, e a vibração que ocorre num determinado plano influencia a vibração dos outros planos.
Por outro lado, não está totalmente de lado a possibilidade de existir uma “força” por detrás dos fenómenos descritos pela Astrologia. Eis um bom exemplo:
Em 1950, um homem chamado John Nelson trabalhava para a RCA (Radio Corporation of America) em experiências que visavam a previsão de “apagões” nas transmissões televisiva e radiofónicas. Estudando os aspectos astrológicos clássicos (conjunção, oposição e quadratura) entre Júpiter, Urano, Mercúrio, a Terra e o Sol, Nelson descobriu que era possível prever “apagões” com base nesse tipo de dados. A eficácia das previsões de Nelson era de 92%, melhor que os 85% fornecidos pelos computadores existentes na época, e ele acabou por conquistar um departamento próprio, dentro da NCA, para continuar as suas pesquisas.
Esta história serve para mostrar que de facto existe algum fenómeno físico por de trás dos efeitos descritos pela Astrologia Simplesmente esse fenómeno ainda não foi descrito pelas Ciências Exactas.
3. Devemos então acreditar que a Astrologia funciona realmente?Não se tratando de uma religião, não existe qualquer razão para se falar em “crença” quando se fala na Astrologia. O caminho mais sensato será tentar compreender e estudar o conjunto de regras e simbologias que constituem este saber. Só então poderá ser emitida uma opinião válida sobre o assunto.
4. Os horóscopos de jornal são fiáveis?Não, de forma nenhuma! Esses “horóscopos” baseiam-se, quando muito, no signo solar, ou seja, no signo onde se encontrava o Sol no momento de nascimento. Obviamente que muitas pessoas têm o mesmo signo solar, mas isso não as torna iguais porque é necessário ter em conta, para cada uma delas, todo o Mapa Astrológico, ou seja, todos os outros planetas e Ascendente e Nodos… (ver pergunta 7.). Do mesmo modo que o signo solar, por si só, não pode descrever o perfil psicológico de um indivíduo, também não pode (nem deve) ser utilizado para prever tendências futuras para esse indivíduo.
5. Se a Astrologia funciona tão bem a descrever as pessoas apenas com base no dia, hora e local em que nasceram, o que é que prevalece: o Destino ou o Livre Arbítrio?
Definitivamente o LIVRE ARBÍTRIO! A ideia de prever o Futuro é simultaneamente sedutora e assustadora, mas acaba por ser como prever o Tempo Metereológico: há sempre lugar ao imprevisível. E a fonte desse “imprevisível” é precisamente o Livre Arbítrio. Apesar disso, em grande parte das vezes, o Futuro acaba por ser relativamente fácil de prever, porque a maioria da escolhas e decisões que nós, seres humanos, acabamos por tomar, são resultado do hábito ou de pensamentos inconscientes, e não do verdadeiro Livre Arbítrio.
6. O que é o Zodíaco?O Zodíaco (do Grego Zodiakos Kyklos, “Círculo de Animais”) é uma faixa imaginária traçada na esfera celeste, que engloba 12 constelações por onde o Sol passa no seu trajecto anual. Com base na posição relativa dessas constelações, o Zodíaco divide-se em 12 sectores de 30º, chamados “signos zodiacais”, que recebem o nome da constelação presente no seu sector. Os signos são, por ordem, e com início no Equinócio de Primavera: Áries (ou Carneiro), Touro, Gémeos, Caranguejo, Leão, Virgem, Balança, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes.
7. O que é o Mapa Astrológico?O Mapa Astrológico (ou Horóscopo) é uma representação do Céu, calculado para o local e momento do acontecimento que se pretende estudar – pode ser o nascimento de uma criança, a fundação de uma nação, a criação de uma empresa. Os dados espaciais (coordenadas geográficas) e temporais (ano, mês, dia, hora, minuto) devem ser tão exactos quanto possível, porque deles depende a exactidão do Mapa Astrológico e, consequentemente, da sua interpretação.
O Mapa Astrológico é traçado do ponto de visto de um observador que olhasse o céu no local e momento em estudo.
Exemplo de um Mapa Astrológico.
No Mapa, o Zodíaco é representado pela circunferência exterior, dividida nos 12 signos (na figura, cada signo tem uma cor diferente, mas isto serve apenas para facilitar a leitura visual do mapa). As doze divisões internas do círculo são as Casas, que representam os diferentes “espaços” da vida (p.ex. Casa II lida com o espaço material e todos os bens que nele se inserem; a Casa VII representa o espaço social, as relações, as parcerias de negócios, o casamento). Nas Casas estão os Planetas, de acordo com a posição zodiacal que ocupavam naquele momento. A posição relativa das Casas e dos signos (como duas “rodas” que se movessem sobre o mesmo eixo) depende do momento exacto que se considera: as “rodas” fixam-se a partir da seta horizontal, apontando para a Esquerda. Essa seta marca o Signo Ascendente, o Signo que naquele momento se encontrava no Horizonte a Leste. O Signo Ascendente marca o início da Casa I, e portanto a distribuição das restantes Casas pelo espaço dos Signos. A extremidade oposta à seta representa o Signo Descendente, a Oeste. Esta linha horizontal representa precisamente o Horizonte: acima dela, os planetas visíveis naquele momento e local; abaixo, os que estavam invisíveis; tudo, claro, do ponto de vista do observador na Terra. No círculo central, as linhas representam os aspectos presentes entre os vários planetas (p.ex., se dois planetas distam cerca de 90º, diz-se que estão em Quadratura, e há uma linha que os une para fazer notar a existência desse aspecto ao astrólogo).
Esta é uma descrição muito simples, mas que permite aos “leigos” na matéria compreender melhor a principal ferramenta de trabalho da Astrologia. Uma explicação mais pormenorizada do Mapa Astrológico será tema de próximos posts.
8. Como é interpretado o Mapa Astrológico?
A interpretação do Mapa Astrológico passa, em primeiro lugar, pela leitura do significado individual de cada um dos elementos astrológicos, no signo e casa onde se encontra. Esses elementos são não só os corpos celestes (Planetas, Lua e Sol) como também os signos Ascendente e Descendente, o Meio-do-Céu (seta vertical, início da casa X) e o Fundo do Céu (extremidade inferior da seta vertical, início da casa IV), e os Nodos Ascendente e Descendente. Além disso, é imprescindível uma análise global aos aspectos e às interacções de todos os significados encontrados nas análises individuais de cada elemento astrológico.
9. Porque é que o Mapa Astrológico de uma pessoa é traçado para o momento do nascimento, e não para o momento da concepção?
A Astrologia considera o momento do nascimento porque é então que o novo ser entra neste mundo, materializando uma nova existência através do primeiro fôlego. É no momento do nascimento que se tem um ser biologicamente independente.
10. Se o Mapa Astrológico é tão único e pessoal, o que dizer de irmãos gémeos?
Até mesmo alguns minutos fazem a diferença. Normalmente existem apenas diferenças mínimas entre os mapas astrológicos de irmãos gémeos, mas é suficiente para que as suas personalidades sejam também ligeiramente diferentes.
11. E de um parto prematuro?
É a alma que escolhe o momento do nascimento. Mesmo que consideremos um parto “prematuro” porque não aconteceu de acordo com o planeado, não quer dizer que do ponto de vista da alma fosse “cedo demais” para nascer. Só a alma desse bebé saberá das razões que a levaram a escolher um parto prematuro.
12. Porque é que os astrónomos dizem que a Astrologia está desfasada em um signo?
Na realidade, o desfasamento é de uma constelação, e não de um signo. As constelações têm dimensões muito diferentes – Peixes e Virgem, por exemplo, são enormes, enquanto Carneiro é bastante pequena. Daí que se tenha dividido a cintura zodiacal em 12 sectores de igual dimensão (30 graus), designados signos. O conceito de signo nasceu há 4000 anos, quando o signo de Carneiro e a constelação de Carneiro estavam perfeitamente alinhados. No entanto, devido à precessão dos equinócios (lento movimento retrógrado do eixo terrestre provocado pelo movimento de rotação), o equinócio de Primavera já não ocorre em Carneiro, mas sim em Peixes, e brevemente em Aquário.
Existe um debate aceso sobre que sistema usar nos mapas astral – o sistema Tropical, baseado nos signos, ou o sistema Sideral, baseado nas constelações. A maioria dos astrólogos segue o sistema Tropical, porque traduz os ciclos da Natureza (como a sucessão das estações do ano) com mais fidelidade.
13. O que é isso da Era do Aquário?
A precessão dos equinócios demora 26000 anos a completar-se, e foi dividida em 12 “eras” que duram aproximadamente 2160 anos, e que recebem o nome dos signos nos quais ocorre o equinócio de Primavera. Neste momento, o equinócio de Primavera ocorre na constelação de Peixes, mas estamos já a transitar para a constelação de Aquário. Daí que se diga que estamos prestes a entrar na Era de Aquário.
Na mitologia, Aquário era o Guardião da Água – água enquanto símbolo de sabedoria cósmica – e a constelação é vista no céu como que derramando a sua água-sabedoria sobre a Terra. Ao contrário do que seria óbvio, Aquário não é um signo de Água, mas sim de Ar, o elemento da inteligência e da comunicação, e estas são as qualidades que cada vez mais se evidenciam. A Internet, as viagens aéreas e espaciais, a televisão, os computadores e telemóveis, são tudo “coisas” de Aquário.
14. Afinal, para que serve a Astrologia?
Para muita coisa! Além da marcação cronológica de acontecimentos importantes, a Astrologia é muito útil como ferramenta de auto-conhecimento, e é uma excelente forma de compreender aqueles que amamos: por exemplo, pode fazer-se uma comparação entre dois mapas para detectar os pontos fortes e frágeis de um casal. Muitos psicólogos estão hoje a dedicar-se à Astrologia porque isso lhes permite perceber melhor as defesas emocionais dos seus clientes, e como as ultrapassar. A Astrologia também pode ser usada para detectar tendências económicas ou políticas, ou para ajudar na escolha de uma carreira profissional e, em termos espirituais, pode ajudar a prever e compreender até os momentos mais difíceis da vida, mostrando-os como oportunidades únicas de aprendizagem e crescimento pessoal.
Fontes:
Vamos Falar de Astrologia, de Helena Avelar e Luís Ribeiro;
Future Insight