ERANOS é um grupo de discussão dedicado ao estudo da Espiritualidade, que se reúne anualmente na Suiça desde 1933. O nome deriva do termo Grego para “banquete”, no sentido de um jantar onde são os convidados, e não o anfitrião, quem fornece a refeição.
"Eadem Mutata Resurgo: Embora mudado, ressurgirei o mesmo."
Lema de Eranos
Com 74 anos de existência, ERANOS continua a ser hoje um extraordinário encontro de mentes inquietas provenientes das mais variadas áreas: Mitologia, Zen-Budismo, Química, Biologia, Física, Literatura, Filosofia, Ciências Políticas, Misticismo, Neoplatonismo, Gnosticismo. Segundo Olga, aquele que participa em ERANOS deve ser alguém que “deambula por todas as suas visões interiores, e procura retê-las numa forma científica”. A combinação de um pensamento simultaneamente imaginativo-criativo e científico continua a ser a essência de ERANOS, o que talvez explique o contínuo interesse manifestado por pessoas consideradas particularmente inovadoras nas áreas de conhecimento em que se inserem.
Eranos localiza-se na antiga propriedade de Olga Froebe-Kapteyn,
junto a Ascona, nas margens do Lago Maggiore (Suiça)
Desde a fundação de Eranos, cresceu muito o interesse geral pelo estudo dos problemas e soluções da mente, corpo e espírito. Basta olhar para os escaparates de qualquer livraria no Ocidente para perceber o quão populares se tornaram as questões espirituais e religiosas, não obstante o modo superficial como normalmente são abordadas. Apesar disso, a escala e diversidade dos problemas sociais parecem ter tendência para aumentar. Tornou-se muito comum a sensação de falta de significado da vida, aumentaram os conflitos intra- e inter-culturais, e é facto adquirido que o cidadão médio de qualquer país moderno poderá vir a sofrer de diversas dependências incluindo o alcoolismo, o vício do trauma, da tecnologia, do fanatismo, etc. Porque subsistem, e até aumentam, estes problemas, se vivemos um tempo em que o “aconselhamento espiritual” e a “cura do corpo, da mente e da alma” estão disponíveis em todas as livrarias? Várias respostas são possíveis. Os cínicos dirão que não há razão para esperarmos viver sem esses problemas. Afinal, sempre houve guerra ao longo da História, a violência e o sofrimento sempre existiram e foram vistos como “factos desagradáveis” para o comum habitante de uma cidade desenvolvida. Mas esta resposta não contempla as dificuldades particulares que a nossa cultura enfrenta na actualidade, e a necessidade de tentar compreender e remediar esses problemas, mesmo que no final eles se revelem de facto insolúveis.
Talvez seja preferível abordar a relação entre a cura individual e a cura social. Não é de todo linear que a cura individual, até de todos os membros da sociedade, conduza à cura dessa sociedade como um todo. Talvez o estudo da cura individual deva ser combinado com o estudo das culturas e das sociedades. Muitas áreas do conhecimento abordam os temas do indivíduo ou da sociedade, e as suas soluções, mas em Eranos pretende-se integrar ambos os temas de um modo pragmático.
Então se falta uma abordagem integrada do estudo da relação entre os problemas individuais/culturais e os problemas sociais, onde entra Eranos? Primeiro, Eranos pode consciente e sistematicamente dirigir-se ao problema de integrar a cura mente-corpo-alma na cura social e cultural. Segundo, a comunidade de Eranos pode proporcionar um ambiente único para a discussão e a compreensão dos assuntos que escolhe abordar. Ao colocar especialistas de variadas disciplinas num ambiente em que se sentem motivados a contactar uns com os outros, é mais provável que consigam atingir uma sinergia útil. Além disso, as redes desenvolvidas entre os participantes podem continuar a encorajar o aparecimento de soluções inter-disciplinares, mesmo depois do final de cada “banquete”. A concepção dos espaços sociais e residenciais de Eranos, que visa essencialmente promover a interacção social entre os participantes, torna-o num potencial centro de reconciliação, cuja reputação de imparcialidade e rigor intelectual permitirá reunir diferentes facções de um conflito numa oportunidade única de diálogo e partilha de informações.
Temas a explorar em próximos encontros, de acordo com directivas da Fundação Eranos:
- Fanatismo, nacionalismo, fundamentalismo e tensão inter-religiosa.
- Tecno-dependências
- O poder do Estado sobre a privacidade e a vontade do indivíduo
- O indivíduo nas sociedades urbanas
- Ecologia e o fim do petróleo a baixos custos
Temas das conferências Eranos
1933 – Yoga e Meditação no Oriente e no Ocidente.
1934 – Simbolismo Oriente-Ocidente e Busca Espiritual
1935 – Busca Espiritual no Ocidente-Oriente
1936/37 – Organização da ideia de Libertação no Oriente e no Ocidente I e II
1938 – Forma e Culto da Grande Mãe
1939 – Simbolismo da Ressurreição na concepção religiosa dos Povos e dos Tempos
1940/41 – Trindade, Simbolismo Cristão e Gnose
1942 – O Princípio Hermético na Mitologia, Gnose e Alquimia
1943 – Antigos cultos solares e o Simbolismo da Luz na Gnose e no início do Cristianismo
1944 – Os Mistérios
1945 – O Espírito
1946 – Espírito e Natureza
1947/48 – O Ser Humano I e II
1949 – O Ser Humano e o mundo místico
1950 – O Ser Humano e os rituais
1951 – O Ser Humano e o Tempo
1952 – O Ser Humano e a Energia
1953 – O Ser Humano e a Terra
1954 – O Ser Humano e a Transformação
1955 – O Ser Humano e a Compaixão
1956 – O Ser Humano e a Criatividade
1957 – O Ser Humano e o Significado
1958 – O Ser Humano e a Paz
1959 – A Renovação do Ser Humano
1960 – O Ser Humano e a Forma
1961 – O Ser Humano e o Conflito de Ordens
1962 – O Líder e a Liderança no Local de Trabalho
1963 – Sobre o Significado de Utopia
1964 – O Drama Humano no Mundo das Ideias
1965 – A Forma enquanto tarefa do Espírito
1966 – Criação e Forma
1967 – A Polaridade da Vida
1968 – A Tradição e o Presente
1969 – Significado e Transformação da Imagem da Humanidade
1970 – O Homem e o Verbo
1971 – As Etapas da Vida no processo criativo
1972 – O Reino das Cores
1973 – Correspondências no Ser Humano e no Mundo
1974 – Normas num Mundo em mudança
1975 – A variedade de Mundos
1976 – Unificação e Variedade
1977 – A Sensação de Imperfeição
1978 – O Tempo e as suas fronteiras
1979 – Pensamento e Imagem Mítica
1980 – Extremos e Fronteiras
1981 – Ascensão e Queda
1982 – Os jogos de Seres Humanos e Deuses
1983 – Corpos Matérias e Espirituais
1984 – A Beleza do Mundo
1985 – O curso oculto dos Acontecimentos
1986 – O reflexo do Ser Humano e do Cosmos
1987 – Encruzilhadas
1988 – Concordância ou Coincidência
1989 – (Não se realizou)
1990 – Ressurreição e Imortalidade
1991 – As Estruturas do Caos
1992 – Migrações
1993 – O Poder das Palavras
1994 – Começos
1995 – A Verdade dos Sonhos
1996 – A Culpa
1997 – Culturas de Eros
1998 – A Linguagem das Máscaras
1999 – A Ordenação do Tempo
2000 – Pioneiros, Poetas e Professores: Eranos e o Monte Verità na História da Civilização do Séc.XX
2001 – Profetas e Profecias
2003 - O Ser Humano em Guerra e em Paz com a Natureza
2004 – Religiões – a Experiência Religiosa
2005 – Deus ou Deuses?
2006 – A Cidade: eixo e centro do Mundo
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