quarta-feira, 9 de maio de 2007

Tarot - I. O Mago

"A Magia consiste em acreditarmos em nós próprios. Se conseguirmos fazer isso, conseguimos concretizar qualquer coisa."

Johann Wolfgang von Goethe


Simbologia e Arquétipo

No baralho de Rider-Waite, o Mago surge vestido de vermelho e branco, com o lemniscato (∞, símbolo do Infinito) sobre a cabeça, empunhando uma pequena varinha perante uma mesa onde estão dispostos os símbolos dos 4 naipes: um bastão (Paus), um cálice (Copas), uma Espada e uma moeda (Ouros ou Pentáculos).

O Mago é o arquétipo masculino do impulso criativo, a nossa percepção consciente do mundo, a força luminosa que nos permite produzir algo a partir da concentração do poder e da vontade individuais.


A Viagem do Louco

Nos primeiros momentos viagem que ainda há pouco iniciou, o Louco encontra um Mago. Habilidoso, auto-confiante, o símbolo do Infinito flutuando sobre a sua cabeça, o poderoso Mago surge fascinante aos olhos do Louco, quase hipnótico. O Mago pede-lhe a trouxa que traz consigo, e o Louco rapidamente satisfaz o pedido. O Mago ergue então a sua varinha para os Céus, e apontando o dedo à Terra apela a todos os seus poderes; por artes mágicas, a trouxa abre-se sobre a mesa, revelando os seus conteúdos. Aos olhos do Louco, é como se o Mago tivesse acabado de criar o futuro com apenas uma palavra. Todas as possibilidades estão ali, todas as direcções possíveis à vista: a fria, aérea Espada do Intelecto e da Comunicação; o determinado Bastão da espiritualidade e da ambição; o Cálice transbordante de amor e emoções; o sólido Pentáculo do trabalho, das posses e do corpo. Com estas ferramentas, o Louco pode realizar qualquer coisa, fazer o que quiser com a sua vida. Mas será que o Mago criou mesmo estas ferramentas, ou o Louco sempre as trouxe consigo sem saber? Só o Mago sabe a resposta, e a esse respeito este eloquente senhor recusa-se a pronunciar uma única palavra.



Notas Interpretativas

Na Carta nº1, o Mago representa o poder na sua forma mais pura, na capacidade de tornar algo real apenas pela força da vontade (“E Deus disse “Que haja Luz!”; e fez-se Luz”). Associado a Mercúrio, o Mago tem também o dom da linguagens, a eloquência, a agilidade, e o conhecimento médico (seja ele um verdadeiro médico ou um vulgar charlatão!) Os 4 naipes sobre a mesa simbolizam a força bruta dos 4 elementos, que ainda não foi desenvolvida ou moldada ou direccionada. Quando o Mago surge, é para revelar precisamente essa força. A sua aparição pode ser interpretada como o surgimento de uma visão, uma ideia, uma imagem mental, mágica, daquilo que mais se deseja no momento, seja a resolução de um problema, uma carreira ambiciosa, uma relação amorosa, um emprego.

Se o Mago parece representar a pessoa que coloca as suas próprias questões ao Tarot (o Querente), então essa pessoa está (ou vai entrar) numa fase em que se sente especialmente eloquente e carismática. Tanto na escrita como na oralidade, o Querente sente-se inteligente, espirituoso, inventivo e persuasivo, capaz de convencer qualquer um das suas ideias.

Quando o Mago representa alguém na vida do Querente, pode ser um médico, um cientista, um inventor, um vendedor, ou um vigarista. É sem dúvida alguém como uma personalidade magnética, capaz de convencer os outros de quase tudo (e essa é uma capacidade que pode ser utilizada de muitas formas): para o melhor e para o pior, as suas palavras são mágicas.

Contudo, o significado mais importante do Mago é a “revelação” que ele traz, como num truque de magia. Em vez de tirar coelhos da cartola, o Mago faz surgir ideias inovadoras (e muito!) a partir do nada. “Como é que não me lembrei disso antes?”, poderá interrogar-se o Querente. A verdade é que, tal como o Louco trazia todas as ferramentas na sua trouxa, sem o saber, também o Querente sempre teve consigo esta nova ideia. O Mago limitou-se a revelá-la. O que fará o Querente com esta ideia? A resposta está no próximo Arcano Maior, a Carta nº3, a Grande Sacerdotisa…



O Mago no Baralho Egípcio (Edição Lo Scarabeo, 2006)














O Mago no Baralho Robin Wood (Ed. Llewellyn, 1991)


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